segunda-feira, 22 de agosto de 2011

RETROSPECTIVA

Passeando em Minas Gerais...

Aqui mesmo, no "Língua de Trapo",  já escrevi sobre uma figura popular em Itatiaia - a "Xuxa" - aquela senhora que perambula pela cidade vestida de maneira engraçada.
Não lembro se na época fiz uma comparação com uma outra senhora que conheci em Ouro Preto-MG, na década de 60 (noooossa!) e que nós, crianças e adolescentes estudantes chamávamos de "Tia Olympia". Íamos muitas vezes a Ouro Preto, Mariana e outras cidades históricas da nossa região.
Quando vim morar em Itatiaia, achei interessante a coincidência de haver aqui, também, uma figura tão parecida. Foi o mote para aquele texto que intitulei "Instantâneo".

Abaixo, trecho de uma reportagem que encontrei hoje no site palmalouca.com., sobre Dona Olympia, de Ouro Preto.


A primeira hippie
Rachel Almeida

Quem visitou Ouro Preto entre os anos 50 e 70 teve a honra de conhecer a primeira hippie brasileira. Dona Olympia, ou Sinhá Olympia, não passava despercebida pelas ladeiras da cidade. E fazia questão disso. O visual ajudava: roupas coloridas, chapéu florido, o cajado inseparável na mão e um cigarro na boca. Mas não foi só a aparência extravagante que a tornou figura lendária fora das fronteiras de Minas Gerais, retratada por fotógrafos e pintores, inspiração de músicos e até tema de desfile da Mangueira, em 1990. Era mulher de personalidade forte, sem papas na língua, e exímia contadora de histórias.

Histórias sem pé nem cabeça, é verdade. Dona Olympia gostava de misturar realidade e ficção, sempre dando um jeitinho de incluir nos relatos personagens como a princesa Isabel, Dom Pedro I ou Tiradentes. E a si mesma, o que fazia com que se falasse que ela "não tinha a cabeça muito boa". Mas cativou gente à beça, de músico a padre, de presidente a poeta, sempre com a mania de jogar conversa fora. No momento em que são lembrados os 30 anos de sua morte, o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, que termina dia 23, decidiu prestar homenagem a Dona Olympia. Um incentivo para as lembranças dos ouropretanos que acompanharam sua opção por uma vida de liberdade e fantasia.

Natural de Santa Rita Durão, distrito de Mariana, mas cidadã de Ouro Preto, Olympia Angélica de Almeida Cotta nasceu em família rica, mas optou por viver perambulando pelas ruas íngremes da cidade histórica. Desilusão amorosa, dizem. "Ela era linda na juventude, muito bonita mesmo, e se apaixonou por um estudante de farmácia pobre. O pai, com medo de o rapaz estar tentando dar o golpe do baú, proibiu o romance. Tempos depois, ela resolveu se vestir de maneira excêntrica, vagando por aí, inventando casos. Um jeito de enfrentar o pai e a dor", explica a artista plástica Maria Efigênia Pereira, de 71 anos, cujo pai teria sido amigo do tal estudante de farmácia. Segundo a artista, depois da proibição, o casal passou 15 anos sem se encontrar. "Um dia ele veio a Ouro Preto para o reencontro com colegas de faculdade. Houve uma comemoração e Olympia apareceu. Os dois começaram a chorar muito. Na semana seguinte, o homem morreu. Não agüentou de emoção".
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O que se fica sabendo é que dessas histórias de fuga da realidade, de perambular pelas ruas sem necessidade, de abandono de status e aprovação social, o elemento desencadeador é sempre a desilusão amorosa, seja por um amor proibido pela família, por morte do ser amado ou qualquer outro motivo de separação.
É.. o tal sentimento de amor por uma pessoa tem feito estragos... mas também grandes escritores e poetas. Estes são os meus preferidos. Não ficam malucos, não largam tudo... escrevem - e claro, capitalizam (hehehe) - mas nos permitem admirar seu talento. Às vezes até nos orientam (ou desorientam, sei lá).
De qualquer forma, gosto muito de escritores e seus escritos, de poemas e seus poetas, mesmo não sendo verdadeiros, afinal

"O poeta é um fingidor
finge tão completamente,
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente."

Nâo é mesmo, FERNANDO PESSOA?


Sueli - 22/8/2011
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