segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Texto de ALBERT EINSTEIN

Albert Einstein

“As leis básicas do universo são simples, mas porque nossos sentidos são limitados, não podemos compreendê-las. Há um padrão na criação.


Se olharmos para uma árvore lá fora com raízes buscando pela água por debaixo do pavimento, ou uma flor que exala o seu cheiro doce às abelhas polinizadoras, ou até mesmo nós mesmos e as forças interiores que nos impulsionam a agir, podemos ver que todos nós dançamos uma música misteriosa, e o flautista que toca a melodia de uma distância, com qualquer nome que queiramos dar-lhe: Força Criativa ou Deus, escapa a todo o conhecimento dos livros.

A ciência nunca está terminada porque a mente humana utiliza apenas uma pequena parte de sua capacidade, e a exploração do mundo pelo homem também é limitada.

Se eu não tivesse uma fé absoluta na harmonia da criação, eu não teria tentado por trinta anos expressá-la em uma fórmula matemática. 
É só a consciência do homem sobre o que ele faz com sua mente que o eleva acima dos animais, e permite-lhe tornar-se consciente de si mesmo e sua relação com o universo.

Eu acredito haver sentimentos religiosos cósmicos. Não entendo como alguém poderia satisfazer estes sentimentos ao orar a objetos limitados. 
A árvore do lado de fora é a vida, uma estátua está morta. Toda a natureza é vida, e vida, como eu a observo, dura e complexa,  rejeita um homem semelhante a Deus.

O homem tem infinitas dimensões e encontra Deus em sua consciência. A religião cósmica não possui outro dogma senão ensinar ao homem que o universo é racional e que o seu destino mais elevado é ponderá-lo e co-criar com suas leis.

Gosto de experimentar o universo como um todo harmonioso. Cada célula possui vida. A matéria, também, possui vida; É energia solidificada. Nossos corpos são como prisões, e estou ansioso para ser livre, mas eu não especulo sobre o que vai acontecer comigo.

Eu vivo aqui e agora, e minha responsabilidade é neste mundo agora. Eu lido com as leis naturais. Este é o meu trabalho aqui na Terra. 
O mundo precisa de novos impulsos morais que, temo, não virão das igrejas, fortemente comprometidas como têm sido ao longo dos séculos.

Talvez esses impulsos devam vir de cientistas na tradição de Galileu, Kepler e Newton. 
Apesar de falhas e de perseguições, esses homens dedicaram suas vidas a provar que o universo é uma entidade única, em que, creio eu, um Deus humanizado não tem lugar.

O cientista genuíno não é movido pelo louvor ou culpa, nem prega. Ele desvenda o universo e as pessoas vêm ansiosamente, sem ser levadas por nada, somente para contemplar uma nova revelação: a ordem, a harmonia, a magnificência da criação!

E conforme o homem se torna consciente das leis estupendas que governam o universo em perfeita harmonia, ele começa a perceber o quão pequeno ele é. 
Ele vê a pequenez da existência humana, com as suas ambições e intrigas, o seu crer em ‘eu sou melhor do que você’.

Este é o começo da religião cósmica dentro dele; a comunhão e o serviço humano tornam-se seu código moral. Sem tais fundamentos morais, estamos irremediavelmente condenados.

Se queremos melhorar o mundo não podemos fazê-lo com o conhecimento científico, mas com ideais. 
Confúcio, Buda, Jesus e Gandhi fizeram mais para a humanidade do qualquer ciência jamais fez.

Temos que começar com o coração do homem – com a sua consciência – e os valores da consciência só podem ser manifestados por um serviço altruísta para a humanidade.



Eu tenho fé no universo, porque ele é racional. Leis ditam cada acontecimento. E eu tenho fé no meu propósito aqui na Terra. Tenho fé em minha intuição, a língua da minha consciência, mas não tenho fé em especulações sobre o Céu e o Inferno. Estou preocupado com este tempo aqui e agora.

Muitas pessoas pensam que o progresso da raça humana está baseado em experiências de natureza empírica, crítica, mas eu digo que o verdadeiro conhecimento é obtido apenas através de uma filosofia da dedução. Pois é a intuição que melhora o mundo, não apenas seguir um caminho trilhado do pensamento.

A intuição nos faz olhar para os fatos não relacionados e depois pensar sobre eles, até que tudo possa ser traduzido em uma lei. Procurar por fatos relacionados significa manter o que se tem em vez de procurar novos fatos.

A intuição é o pai de novos conhecimentos, enquanto que o empirismo nada mais é que um acúmulo de conhecimento antigo. 
A intuição, não o intelecto, é o “abre-te sésamo” de si mesmo.

Na verdade, não é o intelecto, mas a intuição que leva a humanidade adiante. A intuição diz ao homem o seu propósito nesta vida.

Eu não preciso de qualquer promessa de eternidade para ser feliz. Minha eternidade é agora. Eu tenho um único interesse: cumprir o meu propósito aqui onde estou.

Este propósito não me é dado por meus pais ou meu ambiente. É induzido por certos fatores desconhecidos. Esses fatores tornam-me uma parte da eternidade”.
  
ALBERT EINSTEIN
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Fonte do texto: ‘Einstein e o poeta: Em Busca do Homem Cósmico’ (1983).
A partir de uma série de reuniões que William Hermanns teve com Einstein em 1930, 1943, 1948, e 1954.
Este e outros artigos de Einstein em “Einstein, o enigma do Universo”.

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