Poesia e psicanálise: uma parceria
Luciana Saddi (*)
A ciência é grosseira, a vida é sutil, e é para corrigir essa distância que a literatura nos interessa.
(Roland Barthes)
Por que somos tocados por um poema ou obra ficcional? De onde vem a criatividade do poeta e que capacidade é essa de transformar em obra de arte as paixões humanas? Como o escritor chega a saber tanto sobre o homem?
Essas são algumas perguntas que despontaram no campo da psicanálise desde sua origem com Freud e que deram início ao diálogo entre literatura e psicanálise. Pois se a literatura contém o não-consciente e já que a psicanálise traz uma teoria do inconsciente, somos tentados a aproximá-los.Poesia e psicanálise tratam de um mesmo objeto: a alma humana, só que a partir de diferentes perspectivas.
Se a psicanálise quer explicar e revelar, a poesia oculta no acabamento estético aquilo que, de antemão, ela já sabe.
Um poema não explica, confunde. Não revela, esconde.
O poema nos toca sem sabermos direito por quê. Transforma-nos, inquieta-nos: o poema nos ensina por meio de seu próprio desconhecimento.
Se através da psicanálise podemos conhecer mais de nós mesmo a partir de nossa própria fala, pela poesia nos encontramos, misteriosamente, nas palavras de outro.
Gosto de pensar poesia e psicanálise como parceiras na empreitada de aprofundamento de nossa existência, na busca da compreensão de nós mesmos e do que nos rodeia. Complementares, parceiras, duas áreas que ainda têm muito que conversar.
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