domingo, 27 de outubro de 2013

Vivendo e aprendendo...com os livros


PREVISÕES LITERÁRIAS

Esqueça Nostradamus. Por incrível que pareça, as maiores previsões vieram de obras literárias de alguns escritores famosos. Alguns chegaram a falar que poderiam ter ficado ricos com suas previsões. 

Quer saber o que eles falaram? 

- JULIO VERNE (1828-1905)
Julio Verne foi um dos pioneiros do futurismo e previu a existência de viagens espaciais, submarinos, helicópteros e satélites. 
Em 1869, o escritor francês imaginou um submarino que utilizava um combustível eficiente e praticamente inesgotável. A ideia se concretizou em 1955, com o primeiro submarino de verdade movido por propulsão nuclear. Ele recebeu o nome de Nautilus em homenagem ao veículo descrito por Verne.

A descrição de uma viagem à Lua também foi quase profética: o livro Da Terra à Lua (1865) é praticamente um rascunho do que ocorreu de fato com o projeto americano Apollo, em 1969. 
A duração da jornada (97 horas na ficção e 103, na realidade), o número de tripulantes (três), os locais de lançamento (a Flórida) e de pouso (o Mar da Tranqüilidade, na Lua), tudo parece ter sido previsto um século antes. 
A cápsula de Verne, em forma de bala, media 4,8m de altura e 2,7m de diâmetro. A Apollo media 3,7m de altura e 3,9m de diâmetro. 
Até mesmo o regresso à Terra, com o pouso no Pacífico e o resgate por um navio, é igual.

- H.G.WELLS (1866-1946)
A lista de invenções e ideias de Wells que se tornaram realidade é impressionante. 
Em Guerra dos Mundos (1898), ele descreve o laser e, em When the sleeper wakes (1899), fala de portas automáticas. 
Wells não descreveu especificamente o celular, mas falou em alguns de seus romances, de um futuro em que as pessoas usariam meios de comunicação sem fios e correios de voz.  
Suas “previsões” sobre a guerra também foram impressionantes. Tanques, bombardeamentos aéreos e mesmo bombas nucleares já estavam descritos em seus livros.

- ARTHUR C. CLARKE (1917 – 2008)
Ele próprio confessa que teria ficado rico se tivesse patenteado a ideia dos satélites em órbita fixa ao redor da Terra. 
A sugestão foi apresentada em um artigo de 1945, como um meio de melhorar as telecomunicações. 
O conto A Sentinela (1951) deu origem a 2001: Uma Odisséia no Espaço, filme de 1968 de Stanley Kubrick sobre o supercomputador HAL 9000, que comanda uma espaçonave, adquire vontade própria e começa a eliminar os tripulantes. 
O filme prevê os computadores capazes de derrotar o homem no xadrez (coisa que aconteceu em 1997, quando um supercomputador da IBM bateu o campeão de xadrez Gari Kasparov em um tira-teima) e mostra uma cidade orbital quase igual à Estação Espacial Internacional.

Até o iPad já tinha sido “previsto” por Clarke. 
No livro 2001, escrito em 1968, baseado no script que ele escreveu para o filme de Stanley Kubrick, o protagonista utiliza algo chamado Newspad, um computador usado basicamente para exibir conteúdo como jornais, atualizados automaticamente, durante uma viagem.


- CYRANO DE BERGERAC (1619 – 1655)
O escritor e duelista francês existiu de verdade e, sim, tinha um enorme nariz (mas isso não é relevante). 
Em pleno século 17, ele descreveu em uma de suas obras algo que se parecia com um gravador: uma caixa que permitia “ler com as orelhas”. 
E vai mais longe: em Viagem à lua (1650), ele fala de uma nave dividida em várias partes que se queimavam sucessivamente, até situar a cápsula tripulada em órbita. Parece familiar? 
A ideia foi retomada por Julio Verne em Da Terra à Lua, de 1865.

- ALDOUS HUXLEY (1894-1963)
A obra mais famosa do escritor inglês, Admirável Mundo Novo (1932), descreve um cenário sombrio em que a casta dirigente recorre à lavagem cerebral e à manipulação genética para manter a população idiota. 
O livro prevê a liberação sexual dos anos 60, as drogas químicas, a clonagem e até a realidade virtual, que ali aparece com o nome de cinema-sensível. 
Fora todas as outras associações possíveis entre o “mundo novo” de Huxley e o nosso.

- GEOFFREY HOYLE (1942)
O escritor britânico nascido em 1942 escreveu o livro 2010: Living in the Future em 1972 e antecipou boa parte da tecnologia do século 21. Webcams, compras pela internet, ensino à distância, bibliotecas digitais, estava tudo lá. 
Olha a descrição de uma sala com acervo digital em uma biblioteca do futuro: “Os livros, filmes e jornais estão todos armazenados no computador da biblioteca. Primeiro você acessa o índice de biblioteca. Este arquivo contém todos os livros que já foram escritos. Não importa se eles foram primeiro escritos em chinês ou francês. Eles vão estar aqui, traduzidos para o Inglês. Há também um índice de filmes e jornais.”
Na descrição de Hoyle, você pode até virar as páginas usando botões e acessar qualquer livro em sua própria casa. 
Ele previu até o déficit de atenção das pessoas do futuro: “Enquanto você está na biblioteca, você pode querer ver alguns filmes de viagem para lhe ajudar a decidir para onde irá nas próximas férias. (…) Até mesmo se você estiver sozinho em sua casa, você pode conversar com seus amigos durante a aula. É só digitar o número de um amigo e o seu rosto aparece no canto da tela”.

- GEORGE ORWELL (1903 – 1950)
A expressão Big Brother surgiu no romance 1984 (de 1948), em que o autor britânico antevê as paranoias que se tornariam realidade com as câmeras de vigilância espalhadas hoje por todo lado. 
O adjetivo “orwelliano” cabe a todo regime totalitário que altera fatos históricos a seu favor e só acredita na paz por meio da guerra. 
Fora que o autor inspirou um dos reality shows mais famosos do mundo.

- RAY BRADBURY (1920)
No livro Fahrenheit 451 (de 1953), Bradbury imagina os EUA dos anos 90 como uma sociedade hedonista e anti-intelectual, onde é proibido ler livros. Nesse mundo, todo trabalhador sonha em comprar sua “televisão de parede”, uma sala com projeções 3D e um sistema de som multicanal, onde as pessoas se sentem imersas na transmissão de espetáculos musicais ou competições que testam seu conhecimento sobre cultura popular, e onde os atores de suas séries preferidas são chamados de família. 
Detalhe: quando Fahrenheit foi lançado, em 1953, a televisão colorida havia sido lançada nos EUA fazia apenas 3 anos e ainda era extremamente cara. 
Tecnologias como o laserdisc e sistemas de som multicanal, que iriam tornar possível os home theaters, só surgiram na década de 1980. 
E o melhor: Bradbury pôde ver suas previsões acontecerem.

Nota: Bradbury faleceu recentemente, no final de 2012.


- JOHANN WOOFGANG VON GOETHE (1749 – 1832)
Além da literatura, Goethe se interessava muito por ciência e deixou trabalhos importantes em campos como botânica, física, química e até meteorologia. E ele previu um retrato acertado sobre o mundo atual também. 
Em Fausto, Goethe antecipou a questão ambiental que o homem enfrenta hoje, destruindo a natureza em prol de um suposto desenvolvimento da civilização. 
No romance Os anos de peregrinação de Wilhelm Meister, ele cunhou o termo ‘velocífero’, mistura das palavras “velocidade” e “Lúcifer”, para se referir a um mundo frenético de velocidade demoníaca.


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Notinha: Procurando bem, podemos encontrar outros...

Eu me lembrei do nosso MONTEIRO LOBATO:
O Choque das Raças ou O Presidente Negro, foi o único romance adulto escrito por Monteiro Lobato, e publicado em 1926 em folhetins no jornal carioca "A Manhã". 
Esse livro tinha o subtítulo “Romance americano do ano 2228”. 


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2 comentários:

  1. Parodiando a velha canção....cuja origem se perde no tempo...constato que "HÁ UM MUNDO BEM MELHOR...FEITO PRA VOCÊ".
    Este cantinho demonstra isso...e oferece saborosos momentos de leitura...pra nos "dar férias" de noticiários lamentáveis dos jornais destes anos 2013/14 !!!!

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    1. Muito honrada com sua visita, agradeço palavras tão generosas. Tenha um ótimo 2014! Volte sempre.
      Sueli

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