Não aquela educação ensaiada, ou o beijo na tia, obrigado pelo olhar descontente da mãe.
Gosto mesmo dessa sutileza amorosa que cheira a cuidado. Que se você não vem, avisa, se você vem primeiro, deixa passar, abre a porta, puxa a cadeira, e então sorri.
Por que sorrir de verdade, leve, suave é de uma delicadeza infinita.
Aquela coisinha algodão que está lá, bem simples, bacana e que toca com todo cuidado.
Penso mesmo que a delicadeza no trato, a educação miudinha é coisa de gente que tem tristeza na alma, mas não perdeu, por isso, a paixão pela vida.
Aquele que viu, aquele que sabe que viver é delicado, viver exige um cuidado e olha para o outro sabendo disso. Por que essa tristeza do triste, de quem já sentiu muita coisa, e tem no peito um buraco olha o buraco do outro, e trata com educação.
Melhor mesmo seria, dizer que o triste trata a si mesmo e ao outro com delicadeza e emoção. Que educa-ação é palavra apertada, colada na obriga-ação e o triste já sabe, já viu que emoção não exige esforço, ela brota no peito e deságua no outro.
O triste que tem a pele sensível, tocado por tudo que é ível - do invisível, indizível, incrível e chá quente, que não é ível, mas é bom, o triste então é sensível a tudo que no mundo está.
Por isso essa delicadeza.
E até quando estabanado o triste é de uma atrapalhação estranha, não bruta, desengonçada.
O triste atrapalhado dá vontade de abraçar.
É como um triste feio, daqueles tipo bichinho da maçã, você olha pra ele, e de tão feio, sorri.
O triste feio é de um encanto só.
Então meu amigo, toca a vida com cuidado, que grosseria é coisa de triste revoltado que, por ser machucado, sai por ai maltratando.
Um Quíron torto, ao contrário.
Então, meu amigo, deixa tua estupidez no armário, que viver exige coragem e muita delicadeza.
E isso tudo só pra dizer que eu gosto muito de delicadeza no trato, isso diz do quanto de amor você traz no peito, pela vida, pelo outro, por você."
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário