domingo, 25 de setembro de 2011

TEMPOS IDOS...(Resmungo)


"É na escola que a gente aprende
a contar, a criar e a crescer.
É na escola que nasce o desejo
de pensar e de tudo saber.

É na escola que tudo começa,
lá se aprende a viver.
Na escola é que a gente entende
o sentido de Ser.

É na escola que nasce a amizade,
na escola se aprende o valor
de um amigo, de um companheiro,
da paixão, da saudade e do amor.

Vamos à escola!
Toda hora é hora...
Vamos à escola!
Lá se aprende a viver."

Chico Anísio
(Letra da música de abertura do programa humorístico "Escolinha do Professor Raimundo")


(Esse texto foi escrito há dois dias, mas só agora decidi publicar, sei lá por quê)

Já disse a mim mesma - muitas e muitas vezes - que não mais comentaria os absurdos que tenho lido, visto e ouvido na área da Educação. 
Mais uma notícia aterradora sobre a atitude trágica de um aluno, um garotinho de 10 anos de idade... 10 anos! Não gosto de enfatizar essas coisas, mas não tem jeito. Tudo está aí, a toda hora... 
Contive-me por algum tempo pois fiquei travada, abestalhada e todos os "adas" que possam imaginar.
São dias sombrios. O que mais está por vir, Senhor?

Fico então pensando que há tão pouco tempo ainda se acreditava na Educação, ainda existiam programas que satirizavam, com inteligência, alunos, professores, escolas, numa tentativa de chamar a atenção para um problema que começava a se delinear, mas que jamais imaginamos chegar ao ponto em que estamos - o cuidado (ou a falta de) com a educação das crianças.

A situação de violência nas escolas vem se agravando no mundo inteiro e aqui, no Brasil, só neste ano de 2011, podemos listar alguns casos que foram divulgados pela mídia: (e os que não foram?)

. 7 de abril - tiroteio dentro de escola em Realengo-RJ (12 crianças mortas);
. 22 de junho: aluno esfaqueado em escola na Paraíba;
. 26 de agosto: diretora de escola agredida por aluna em Minas Gerais;
. 09 de setembro: aluno armado de revólver em escola de João Pessoa-PB
.22 de setembro: aluno atira em professora e se mata em seguida. São Caetano do Sul-SP

Não se trata mais de fato isolado como querem alguns (esses alguns permitem tudo,  se acham modernos e antenados) - que eu saiba antena é coisa de inseto ou de antigos aparelhos eletrônicos.

A obviedade do discurso de especialistas em Educação também é revoltante. Fala-se muito, analisa-se muito:

"Especialistas ouvidos afirmam: as escolas precisam mudar para tentar evitar novos episódios. Essas mudanças também passam, dizem, pela família e pela formação do professor."
“A escola precisa mudar muito. Precisa evoluir muito em questões pedagógicas, nos métodos de ensino, no próprio relacionamento dos professores com os alunos”, afirma o professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) Evandro Camargos Teixeira.
É [preciso] uma política de conscientização de todos os setores”, afirma Teixeira." (Jornal UOL, Educação, 25/9/2011)

O assunto está é servindo de tese de doutorado para muitos desses especialistas, mas a solução, de verdade, não apareceu.

O mundo mudou? Claro. E por isso devemos nos acostumar e aceitar a volta da barbárie. Deve ser a tal involução. 
Pois é, quando fico indignada acabo partindo para o sarcasmo.

Sabe do que mais? Já não pertenço ao meio (educacional), preciso cuidar da minha saúde - mental e física - para, pelo menos, em relação aos meus netos, ter ainda esperança.
Está difícil, está muito difícil acreditar em alguma coisa.

Melhor voltar a falar de poesia...

Sueli
Itatiaia, 23/09/2011
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Ao terminar este post, fui ler as notícias do dia. Não foi uma boa ideia. Mais uma dos especialistas:

SÃO PAULO - O livro didático "Por uma Vida Melhor", transformado em polêmica por admitir como corretos erros da linguagem, não precisará mais ser recolhido pelo Ministério da Educação. O juiz federal Wilson Zauhy Filho, da 13ª Vara Federal Cível de São Paulo, entendeu que o material pode continuar nas mãos de alunos do ensino público porque, segundo ele, não há tempo hábil para uma nova licitação. Assim, os estudantes não teriam outro material para consultar.
"Como não há tempo hábil para uma nova licitação, os alunos não teriam outro livro em sua substituição, sendo irrecuperáveis as perdas de aprendizado", escreveu o juiz na decisão.

O conteúdo do livro, no entanto, não deixa dúvidas sobres erros de concordância, relativizando a necessidade de seguir a norma culta. Num dos trechos, os autores escreveram: "Os livro ilustrado estão emprestado". 
Em seguida, citando a variedade da linguagem popular, eles justificam assim o método utilizado: "Só o fato de haver a palavra os (plural) já indica que se trata de mais de um livro". Em um outro exemplo, mostram que não há problema em falar, por exemplo, "nós pega o peixe" ou "os menino pega o peixe".

Segundo a Justiça Federal, três pessoas entraram com uma ação popular contra União Federal, Ministério da Educação e Global Editora e Distribuidora, pleiteando que fosse declarado nulo o ato administrativo que adotou e distribuiu os livros para estabelecimentos de ensino e que os recolhessem imediatamente. Alegaram que o livro, em vez de ensinar corretamente as regras de linguagem, legitima erros crassos de concordância, bem como não transmite conhecimentos necessários das regras da língua portuguesa.

"Os réus apresentaram pareceres técnicos de especialistas da educação discordando que o livro é inadequado ao ensino de jovens. Para o juiz, isso já demonstra que a discussão é polêmica e que não é possível afirmar de plano que a obra é inservível ao ensino". 
(Jornal O Globo, Educação, 25-9-2011)
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"não é possível afirmar de plano que a obra é inservível"??!!

'Inservível' e 'imexível' !

Então tá então...

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