Tela de Leonid Afremov |
Convite ...
Orlando Costa Filho
Mulher, aqui está sua taça.
Mas espere! Não beba agora,
antes dancemos, ouça a música que rola;
a Billie, que tanto você adora,
depois o Ray, sem demora,
a Ella...
Deus, que linda
e decisiva hora!
Dancemos e tomemos
cada qual a mão do outro
face to face, scarpin em passos precisos,
junto aos meus que não se atreverão a lhe pisar
tudo em perfeito compasso de mágica espera
do que se está por revelar.
Venha
olhe meus olhos o quanto antes,
a queima roupa. Se os vir brilharem, quicá
qual faca amolada refletindo lua, sem piscar,
fixos nos seus, esqueça a ponta e também o fio
você não vai se machucar, antes permita-me
beijá-la,
ternamente.
Não resista,
não rejeite,
nesse caso meus lábios
contém o vinho da Divina safra.
Muito além daquela que vai na taça.
Se
o que há lá fora permanecer lá fora,
e cá dentro no peito um novo bater aflorar,
como um navio emerge da linha do horizonte
feliz, rumo ao cais
que dasabem pontes, que se dane tudo o mais
não desatraquemos do porto que é seguro,
eis o lençol azul com rendas brancas nas laterais...
Eu
a levo, esquerda direita, entre breves suaves pausas
envoltos por energética aura, muitas causas
nos farão perceber que juntos devemos permanecer
como duo de flautas transversais
(entretanto paralelas entre si)
inédita música trilharmos, ponto e contraponto
magnética, suave, contagiante, inédita...
seu ar, seu pão, seu vinho
eis o caminho...
Deixemos
a taça que lhe trouxe pra depois.
Há saliva suficiente pra trocarmos de excelente safra,
de novos tempos, sem contratempos.
Abrigada do vento sul de fio cortante vou te manter
não vou deixar cair dos seus olhos águas marinhas e safiras
a menos que você chore de prazer.
Vamos
dancemos, ouça a música que rola;
a Billie, que tanto você adora,
depois o Ray, sem demora,
a Ella...
Deus, que linda
será nossa estória!
* * *
Castelo, ES - Agosto de 2010
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