Mágico Mirante
Cleise Mendes
Daqui, deste posto avançado em que me encontro,
deste mágico mirante,
percebo que pela via do bem ou pela veia do mal
já consegui na Vida algumas aquisições importantes.
No final a gente sabe sempre muito pouco, mas
já aceito as minhas frustrações, por exemplo,
com a cabeça erguida
e com os olhos lá adiante.
Já aprendi que não importa quão boa seja uma pessoa
ela vai me ferir de vez em quando
e eu preciso perdoá-la por isso, sob pena
de ter o meu coração mergulhado no veneno do rancor.
Aprendo todos os dias que falar faz bem,
pode aliviar dores emocionais.
E que não importa o que eu tenho na vida
mas quem eu tenho na vida.
E aprendo que não importa onde já cheguei,
mas pra onde estou indo.
E se de repente eu fico sem saber pra onde estou indo...
qualquer lugar serve!
E descubro que só porque alguém não me ama
do jeito que eu quero que me ame,
não significa que esse alguém
não me ame com tudo que pode
porque existem pessoas que nos amam
mas simplesmente não sabem como demonstrar.
Aprendo que nem sempre é suficiente
ser perdoada por alguém.
Muitas vezes eu tenho que aprender
a perdoar a mim mesma.
E não importa em quantos pedaços
meu coração foi partido:
o mundo não para pra que eu o conserte.
O Tempo não é algo que possa “voltar atrás”.
Aprendo que a Vida, sem amor por mim mesma
não vale a pena. Não vale a pena.
Assim, eu mesma planto o meu jardim
e decoro a minha alma,
ao invés de esperar que alguém me traga flores.
* * *
(Este poema faz parte do monólogo teatral “Coração Bazar”, dirigido por José Possi Neto com interpretação de Regina Duarte, em janeiro de 2005 – Teatro Sesi – Rio de Janeiro)
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