Poema Daltônico (trecho)
Renata Fagundes
Acorda dona moça,
a vida passa lá fora
e você fica aí olhando pra dentro,
fechada no nada.
Flores precisam ser coloridas,
sorrisos precisam ser enfeitados,
estrelas estão amontoadas num canto
esperando para iluminar
os beirais das janelas.
Hoje, uma borboleta comentou
que você esqueceu sua aquarela
na esquina da praça
e crianças travessas andaram brincando
de pintar vidraças,
achando que eram cores sem dono,
sem casa.
O que foi que você perdeu,
que de tão distante seus olhos não veem mais nada?
O que encontrou pelo caminho
que a fez descolorir e cansar de sorrir?
Quero pintar um coração vermelho em sua boca,
para que você se recorde de falar de amor,
quero vagalumes fazendo morada nas suas pestanas
para iluminar seu olhar de flor.
Vem, dona moça, o tempo é agora,
a vida é lá fora
e tudo fica sem graça
sem sua risada gostosa,
sem sua mistura de cor.
* * *
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