terça-feira, 17 de maio de 2011

" UM PAÍS DE TODOS " ?


O MEC  E A EXCLUSÃO SOCIAL
Enviado ao Jornal "O Globo", blog Inclusão Digital,  por Sonia Rodrigues - 16.5.2011, 11h27m.


Ai maluco ta sabendo 1 ministro dice q os professor tem q achar legal o q nois iscreve q o q nois iscreve ta certo porq é o geito q agente fala os professor num pode dize q agente iscreve erradu a mulher q trabalha com o ministro dice q a iscrita é o ispelho do q nois fala e q isso pode ta sabendo? So num intendi q eles dis q as prova não vão ser como agente fala. Cumé q pode?


O mercado de trabalho emprega quem escreve assim? Quem corrige redação no vestibular ou no Enem considera apto quem escreve assim?

É isso o que o MEC quer? Manter uma geração inteira à margem das oportunidades profissionais e sociais? Transformar a palavra “erro” em maldição? Jogar mais ainda “às cordas” os professores que insistem em ensinar o que sabem?

O papel da escola não é só ensinar a norma culta, alega o MEC.

Se a escola ensinasse, pelo menos, a norma culta nós não estaríamos na posição em que estamos em testes nacionais e internacionais.

A autora do livro Por uma vida melhor defende o respeito ao registro lingüístico de cada aluno. Para combater o preconceito.

Alguém precisa alertar às pessoas que mandam na educação no nosso país que existe um caminho mais produtivo contra o preconceito: ensinar a escrever dentro da norma culta. Ensinar o conteúdo que permite entrar na universidade, se manter na universidade. Ensinar o conteúdo que permite arranjar emprego.

Quem sabe escrever dentro da norma culta pode variar a linguagem. Quem não sabe corre o risco de não conseguir se comunicar com quem escreve ou fala dentro das normas. Corre o risco de não conseguir transitar entre grupos diferentes. Não conseguir apreciar ou conviver com a diferença.

No Brasil, a vaidade de quem se acha elite intelectual só se compara à falta de senso crítico em relação ao que transforma uma pessoa em elite. Há anos, especialistas têm sido alçados ao poder pedagógico no país defendendo o sacrifício do conteúdo, menosprezando o ensino da norma culta, defendendo que escola deve ser, principalmente, um espaço de prazer, não de ensino.

Para o patrimonialismo que impera em nosso país, não tem nada demais que um intelectual ou um grupo de trabalho defenda modismo em cima de modismo. Não tem nenhum problema que se suprima da escola pública o ditado, a tabuada, a aula expositiva e, agora, o ensino da concordância entre os termos da oração.

Sabem por que não existe problema em fazer isso? Porque são os pobres que estão na escola pública, não são os filhos de quem tem o comando da educação.

Talvez os que mandam na educação no país acreditem sinceramente que a função da escola é proteger o aluno que fala errado do preconceito de quem fala certo.

Talvez acreditem que as pessoas que falam e escrevem errado querem ser protegidas do preconceito e não façam questão de aprender a falar e escrever certo.

Talvez acreditem que não existe erro na fala e que, portanto, não se pode atribuir erro à escrita fora da norma culta.

Talvez acreditem que fala e escrita são iguais, têm as mesmas regras e o mesmo peso.

O problema é que educação pública não é uma questão de crença.

Eu pago impostos para que a máquina do estado funcione, para que os jovens da rede pública tenham chances reais de emprego quando saem da escola.

Pago impostos para que a imensa rede pública que existe no país ofereça aos cidadãos brasileiros acesso à cultura e à ciência de forma eficaz.

Os alunos da escola pública têm toda a Internet para escrever errado. Todas as esquinas para falar errado.

Eu não pago impostos para que autoridades educacionais defendam que as pessoas não podem ter preconceitos contra um jovem que sai do ensino médio escrevendo os livro mais interessante que li na vida.

Não interessam as intenções ou crenças da elite intelectual da vez. As pessoas têm preconceitos contra quem fala e escreve errado e a escola existe para ensinar a norma.

Para ensinar outras coisas, existe o mundo.

Ah, uma última observação: o MEC garante que, apesar de tudo, as provas e concursos continuarão a cobrar dos alunos a norma culta. Muito generosa essa política: exclui cultivando a ignorância, exclui cobrando o que não ensina.
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