sábado, 29 de outubro de 2011

CLARICE LISPECTOR - A Paixão segundo G.H.

Trechos de "A Paixão segundo G.H."

Clarice Lispector - (1925-1977)

(...) Toda compreensão súbita é finalmente a revelação de uma aguda incompreensão. Todo momento de achar é um perder-se a si próprio. (...)   p.12

(...) "eu ser" vinha de uma fonte muito anterior à humana..., muito maior que a humana (...) abria-se em mim a larga vida do silêncio (...)  p.54

(...) as coisas são muito delicadas. A gente pisa nelas com uma pata humana demais, com sentimentos demais.  Só a delicadeza da inocência ou só a delicadeza dos iniciados é que sente seu gosto quase nulo.  Eu antes precisava de tempero para tudo, e era assim que eu pulava por cima da coisa e sentia o gosto do tempero (...) 
Ser é ser além do humano (...) ser homem tem sido um grande constrangimento.  p.149

(...) Mas é do buscar e não achar que nasce o que eu não conhecia, e que instantaneamente reconheço (...) 
Nunca sofra por não ter opiniões em relação a vários assuntos.  Nunca sofra por não ser uma coisa ou por sê-la.  p.172

(...) Pois só posso rezar ao que não conheço.  E só posso amar à evidência desconhecida das coisas, e só posso me agregar ao que desconheço.  Só esta é que é uma entrega real.   p.175

(Meu livro é da 6ª ed. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1979)
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