quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

200 ANOS DE 'ORGULHO E PRECONCEITO' - JANE AUSTEN




‎'Já se passaram 200 anos desde a primeira publicação de "Orgulho e Preconceito", obra à qual sua autora, Jane Austen, se referia como "seu filho querido", mas sua popularidade continua vigente graças às incontáveis adaptações televisivas e cinematográficas.

Uma pesquisa realizada em 2003 pela BBC concluiu que "Orgulho e Preconceito" é o segundo romance preferido dos britânicos, depois de "O senhor dos anéis".

Publicado pela primeira vez no final de janeiro de 1813, a história da paixão de Fitzwilliam Darcy, um aristocrata britânico soberbo, pela jovem Elizabeth 'Lizzie' Bennet, apesar de sua diferença social, "continua sendo um dos romances mais apreciados da literatura inglesa de todos os tempos", afirma Janet Todd, professora da Universidade de Cambridge, que organiza em junho uma conferência sobre o tema.

"Orgulho e Preconceito", explica Marilyn Joice, membro da Sociedade Jane Austen no Reino Unido, "pode ser lido em vários níveis".
"Pode-se ler como uma versão romântica de Cinderela, uma comédia ou uma crítica social aos problemas que enfrentavam as mulheres no mesmo estrato social de Austen", declarou à BBC.
"O livro é escrito de maneira às vezes mordaz, geralmente com uma ironia sutil, ou seja, não é necessário ser um acadêmico para tirar algo dele", concluiu.'


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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

SANTA MARIA (RS) - 27-01-2013


Post de uma das mais lindas páginas no facebook: 'Os girassóis de ontem', com textos de Tiago Fabris Rendelli.

SANTA MARIA

Essa noite foi consumida em fogo. Jovens nunca mais revolucionarão o mundo e tudo será apagado. As mães irão chorar lágrimas pela vida, enquanto secam em suas solidões, na tentativa de entender porque as portas estavam fechadas. Quando a existência alheia será levada a sério? Quando entenderemos que o número é sempre maior? 

Cada vida que termina leva algo que para sempre ficará perdido. Santa Maria, livrai-nos de todo o mal, de toda a dor, apague o gosto dessa hora, retroceda o tempo e prometeremos que não ser feliz passa a ser inconcebível.
--
Sinto muito pela tragédia em Santa Maria e desejo muita força para todos. Solidariedade deve ser a palavra chave agora. Deixo um céu azul imenso aqui, na esperança mais sincera que da próxima vez que olharmos para cima, só exista luz.

Abraços gigantescos,
T.

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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

ANDRÉ RIEU - 'And The Waltz Goes On'



Première mundial de valsa composta por Anthony Hopkins

André Rieu recebeu o "Grand Gold Decoration" por serviços prestados à República da Áustria. 
Rieu foi condecorado por seus esforços para promover a música vienense no mundo. 
Na audiência, estava Anthony Hopkins, que se deslocou de Los Angeles para assistir à première mundial de "And The Waltz Goes On" ("E a valsa continua"), que foi composta por Hopkins.


VIENA, 6 de julho de 2011 - PRNewswire 

Hopkins compõe músicas há muitos anos, mas ao produzir sua última obra, "And The Waltz Goes On", o ator co-estrela de "Thor" tinha em mente, especificamente, o maestro André Rieu para executá-la. 
Rieu se entusiasmou tanto com a música que, imediatamente, tomou providências para gravá-la. 
Na apresentação de lançamento da valsa, a mulher de Hopkins se comoveu até as lágrimas, ao que se noticiou.
"Tenho sido um grande admirador de André Rieu por muitos anos. Ele é um grande músico. Minha mulher e eu tínhamos o mesmo sonho de encontrar com ele um dia. Assim, lhe mandei algumas das minhas músicas. Para mim, foi a concretização de um sonho ver André executar minha valsa com sua orquestra. Fiquei deslumbrado com o resultado. Foi bem melhor do que eu esperava", diz Anthony Hopkins sobre sua cooperação com André Rieu.


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Hannibal Lecter faz bonito
Taiguara Fernandes de Souza - » Blog » Revista Vila Nova 
02 jan 2012, às 14:01H

Hannibal Lecter também tem senso de beleza. E aquele que o imortalizou, especialmente. 
Estava há pouco ouvindo uma valsa composta por Anthony Hopkins há 50 anos, quando ainda era músico. 
A valsa intitulada “And the Waltz goes on” foi tocada pela primeira vez por ninguém mais, ninguém menos que o grande violinista Andre Rieu, num show em Viena, Áustria, no verão do ano passado.

A valsa de Hopkins é simplesmente sensacional. Uma pena que gerações não tenham podido ouvi-la nos últimos 50 anos. Nós somos afortunados em apreciá-la.

(...)
A valsa de Hopkins é inegavelmente bela para qualquer um que esteja em perfeito estado mental, mas ninguém pode dizer os mesmos dos crimes frios e bizarros que cometia o personagem canibal de Hopkins no filme “Hannibal” e esse é um dos motivos pelos quais muitos não se sentem confortáveis para assistir à trilogia de “O Silêncio dos Inocentes” até hoje (a propósito, a quem se interesse, há um bom livro sobre o background filosófico e simbólico deste filme, escrito pelo Prof. Olavo de Carvalho, Símbolos e Mitos no Filme “O Silêncio dos Inocentes”, Rio, IAL & Stella Caymmi, 1993).

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sábado, 26 de janeiro de 2013

CECÍLIA MEIRELES - Cânticos


Cânticos 
Cecília Meireles

I
Não queiras ter Pátria.
Não dividas a Terra.
Não dividas o Céu.
Não arranques pedaços ao mar .
Não queiras ter .
Nasce bem alto.
Que as coisas todas serão tuas.
Que alcançarás todos os horizontes.
Que o teu olhar, estando em toda parte
Te ponha em tudo,
Como Deus.


II
Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens – . .
Não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabe que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue:
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade. . .
É a eternidade.
És tu.


III
Não digas onde acaba o dia-
Onde começa a noite.
Não fales palavras vãs.
As palavras do mundo.
Não digas onde começa a Terra,
Onde termina o céu.
Não digas até onde és tu.
Não digas desde onde é Deus.
Não fales palavras vãs.
Desfaze-te da vaidade triste de falar.
Pensa, completamente silencioso. Até a glória de ficar silencioso,
Sem pensar.


IV
Adormece o teu corpo com a música da vida. Encanta-te.
Esquece-te.
Tem por volúpia a dispersão.
Não queiras ser tu.
Queira ser a alma infinita de tudo.
Troca o teu curto sonho humano
Pelo sonho imortal.
O único.
Vence a miséria de ter medo.
Troca-te pelo Desconhecido.
Não vês, então, que ele é maior?
Não vês que ele não tem fim?
Não vês que ele és tu mesmo?
Tu que andas esquecido de ti?


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In: 'Cânticos'

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

CLARICE e LÚCIO - 'Infelicidade inspiradora'

  
"Infelicidade inspiradora"
José Castello - escritor e jornalista

A paixão alimenta a literatura ou a enfraquece? Amar leva a escrever ou a calar?
Clarice - A Vida de Clarice Lispector, biografia do jornalista norte-americano Benjamin Moser (...) , sugere que, mesmo quando o amor é impossível, ele estimula a escrita. Mesmo fracassado, um amor pode ajudar a escrever.

Casada entre 1943 e 1959 com o diplomata Maury Gurgel Valente, Clarice nunca escondeu que se sentia sufocada pela vida conjugal. "Nada tenho feito, nem lido, nem nada. Sou inteiramente Clarice Gurgel Valente", escreveu em uma carta datada de 1944. Se o casamento com Maury "deu certo" - gerou dois filhos e perdurou por 16 anos - a paixão pelo romancista mineiro Lúcio Cardoso foi muito mais importante para sua escrita, mesmo "dando errado".

Quando se conheceram, em 1940, Clarice tinha 20 anos, e Lúcio - brilhante e sedutor -, 28.
Mas era um amor impossível: Lúcio era um homossexual assumido. Havia, porém, lembra Moser, um segundo impedimento: os dois eram "parecidos demais".

Mesmo assim, especula Moser, foi esse amor não correspondido que levou Clarice a cultivar a solidão - condição essencial para a escrita. Mais que isso: foi o fracasso no amor que a empurrou para a literatura. Por meio de Lúcio, ela passou a frequentar as rodas literárias do "grupo introspectivo", que se reunia no Bar Recreio, no Rio de Janeiro.

Chegou, assim, à poesia metafísica de Augusto Frederico Schmidt e encontrou sua ascendência "mística" em Cornélio Penna e Octavio de Faria, essenciais para a sua obra.

Foi Lúcio Cardoso quem sugeriu o título de seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem (1943). Foi ele, ainda, quem lhe mostrou que as anotações dispersas, que ela tomava às tontas e pareciam incoerentes, eram, na verdade, o seu método.

Nos anos 60, Clarice Lispector se aproximou de outro escritor: o cronista e poeta mineiro Paulo Mendes Campos.
Desde 1959 estava separada de Maury, com quem tinha morado na Itália, Suíça e Estados Unidos. Em junho daquele ano, regressou com os dois filhos ao Brasil, apostando novamente na solidão. Em 1962, porém, envolveu-se com Paulo.

Diz Moser, com astúcia, que ele foi uma "versão heterossexual" de Lúcio Cardoso. Ambos eram mineiros, católicos, talentosos e sedutores. Eram também perdulários, boêmios e alcoólatras. Como Lúcio, Paulo exerceu uma forte influência intelectual sobre Clarice.

Mas era outro amor impossível: ele era casado. Mesmo assim os dois viveram uma paixão secreta. Vínculos invisíveis os ligavam. O jornalista Ivan Lessa assim resumiu: "Em matéria de neurose, nasceram um para o outro".
Clarice tentava ser discreta, mas não continha a ansiedade. Intimado pela mulher, Paulo partiu com a família para Londres.

 Moser avalia que o fim do romance isolou Clarice do meio literário e, de um modo mais geral, do "mundo adulto", com o qual ela teve sempre laços muito frágeis. Ela o amou até o fim de seus dias.

TENSÃO E LOUCURA
É sempre ambígua e tensa a relação amorosa entre escritores. Influenciada pela filosofia de Jean-Paul Sartre, com quem viveu uma relação heterodoxa, Simone de Beauvoir acreditava que todo amor é impossível, mas que era possível fazer muito de seus destroços. Só porque via o amor como uma experiência desastrosa, Simone conseguiu amar Sartre: não moravam juntos, não tiveram filhos e namoravam outras pessoas. Ele mais que ela. "Não somos a mesma pessoa, mas temos as mesmas recordações", Simone argumentava. Tinha certeza de que, escrevendo, ajudava Sartre a entender quem ele era.

Às vezes, como mostra a relação dos poetas Paul Verlaine e Arthur Rimbaud, a mistura de literatura e paixão resvala na loucura.
Quando se aproximaram, Verlaine, um homem casado, tinha 26 anos, e Rimbaud era um rapazote de 17. Correspondiam-se. Apaixonaram-se. Verlaine se embriagou com as ideias de Rimbaud, que combatia os parnasianos, a família e a pátria.
Na busca do "desregramento dos sentidos", abusaram do absinto e do haxixe. Mas brigavam sempre. Verlaine se arrependia sempre. "Volte, volte, amigo. Juro que serei bom", escreveu em carta de 1873. Numa dessas brigas, Verlaine feriu Rimbaud com um tiro no punho. Passou dois anos na prisão. A paixão os destruiu, mas ampliou os limites de sua poesia.

A mistura de amor e literatura tomou uma forma quase perfeita na figura da escritora Lou Andreas-Salomé. Brilhante e sensual, ela "devorou" o espírito de três grandes homens: o poeta Rainer Maria Rilke, o filósofo Friedrich Nietzsche e o fundador da psicanálise, Sigmund Freud.
Foram amores distintos - que ela, friamente, chamava de "experiências".

Com Rilke, ela viveu uma paixão intensa que esbarrou na fraqueza do poeta. Aos poucos, Lou entendeu que a poesia era, para ele, o avesso do desespero. Ficou com o melhor - o poeta - e se afastou do homem. Pragmática, escreveu: "Se você quer uma vida, aprenda a roubá-la".

Mesmo quando bordeja o desespero, a paixão sustenta a literatura.

Casada em 1912 com o escritor Leopold Woolf, nem o amor salvou Virginia Woolf. Na base da paixão de Leopold por Virginia estava não só o fascínio por sua escrita, mas o desejo de salvá-la da loucura - que enfim, no ano de 1941, levou-a a afogar-se no rio Ouse.
A admiração literária e o amor não garantiram a felicidade. Mas a fizeram escrever.

Também é impossível não pensar no poeta britânico Ted Hughes, cujo amor foi insuficiente para salvar a mulher, a norte-americana Sylvia Plath, do suicídio - que ela enfim cometeu em 1963. Um ano antes, cansado, Hughes a deixou.
Tantas e tantas vezes a paixão não basta. Mas a importância de Hughes na poesia de Sylvia é indiscutível.

Mesmo quando se torna asfixiante, a paixão não anula a escrita.

O caso entre os americanos F. Scott Fitzgerald e Zelda Sayre é uma prova disso. Em carta de 1920, Zelda escreve ao amado: "Eu jamais poderia passar sem você - ainda que me deixasse morrer de fome e me espancasse".
A presença esmagadora de Scott não a impediu de escrever um belo romance como Esta Valsa É Minha, de fundo autobiográfico. Já em sua vida pessoal, o amor não lhe bastou.
Em 1930, demonstrando a insuficiência da paixão para sustentar uma vida, Zelda foi internada como louca.

Nem todos, como o argentino Adolfo Bioy Casares, tiveram a sorte de transformar a parceria amorosa - no caso, o casamento com a escritora Silvina Ocampo - em fecunda parceira literária. Juntos, escreveram Quem Ama, Odeia, novela simples, mas inspirada, que resume um pouco não só os paradoxos da paixão, mas as relações tensas, porém produtivas, entre amor e literatura.
Adolfo e Silvina são, provavelmente, uma exceção.

Mesmo quando fracassa, porém, um amor pode salvar um escritor.

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Miniconto "JOÃO DAS ÁGUAS' - Tânia Gazito


João das águas
Tânia de Souza Gazito - escritora paulista

Naquele pedaço do mundo, ninguém estranhava que o menino de três anos ainda não tivesse nome - a terra rachada em secura, o peito magro das mães, melhor mesmo era esperar e ver se a criança vingava.

Vingou.
Então, o pai levou-o até o notário mais próximo, e já era tão longe.
Deu-lhe o nome de João das Águas.
O 'João' foi escolha da Maria, para que o santo protegesse a cria; o 'das Águas' o homem inventou no caminho - debaixo do sol ardido, vendo verde nenhum, se deu conta do lume nos olhos do menino, pareciam até refletir um rio de fecundas águas.
Pois foi matutando que já era tempo da esperança voltar.

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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

CURIOSIDADES LITERÁRIAS



Curiosidades Literárias


Por acaso alguém aqui já ouviu falar em Eric Blair, Charles Dodgson, Ricardo Basoalto, Samuel Clemens ou Henri-Marie Beyle? Não? Tem certeza? 
Talvez você já tenha até lido algum livro escrito por essas  pessoas. É que alguns escritores ficaram mais conhecidos por seus pseudônimos do que por seus próprios nomes, vamos lá:


1. Pseudônimo: George Orwell
    Nome Verdadeiro: Eric Arthur Blair


2. Pseudônimo: Lewis Carroll
    Nome Verdadeiro: Charles Lutwidge Dodgson


3. Pseudônimo: Mark Twain
    Nome Verdadeiro: Samuel Langhorne Clemens


4. Pseudônimo: Pablo Neruda
    Nome Verdadeiro: Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto

O poeta chileno resolveu adotar o pseudônimo Pablo Neruda em homenagem ao escritor checo Jan Nepomuk Neruda.
Posteriormente, o escritor conseguiu na justiça a modificação de seu nome para o pseudônimo que usou durante toda a sua vida.


5. Pseudônimo: Stendhal
    Nome Verdadeiro: Henri-Marie Beyle

Conhecido mundialmente pela obra 'O Vermelho e o Negro', o autor não teve muita popularidade em vida, somente sendo reconhecido – como ele próprio previra -, no início do século XX.


6. Pseudônimo: Ferreira Gullar
    Nome Verdadeiro: José Ribamar Ferreira

Segundo o próprio autor: "Gullar é um dos sobrenomes de minha mãe, o nome dela é Alzira Ribeiro Goulart, e Ferreira é o sobrenome da família, eu então me chamo José Airton Dalass Coteg Sousa Ribeiro Ribamar Ferreira; mas como todo mundo no Maranhão é Ribamar, eu decidi mudar meu nome e fiz isso, usei o Ferreira que é do meu pai e o Gullar que é de minha mãe, só que eu mudei a grafia porque o Gullar de minha mãe é o Goulart francês; é um nome inventado; como a vida é inventada eu inventei o meu nome".


7. Pseudônimo: Miguel Torga
    Nome Verdadeiro: Adolfo Correia da Rocha

Miguel Torga foi um dos maiores escritores portugueses do século passado. O pseudônimo famoso foi criado aos 27 anos.
O “Miguel” é uma deferência aos escritores espanhóis Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. O “Torga”, por sua vez, é uma planta brava da montanha, que nasce sobre as rochas.

8. Pseudônimo: Anne Rice
    Nome Verdadeiro: Howard Allen O'Brien

Anne Rice é uma escritora estadunidense famosa pelos seus livros sobre vampiros, como, por exemplo, as obras 'Entrevista com o Vampiro' e 'A Rainha dos Condenados', ambos já adaptados para o cinema.
A própria autora escolheu “Anne” como primeiro nome, ao entrar na escola.
O “Rice” decorre do sobrenome do seu primeiro marido, o também escritor Stan Rice.


9. Pseudônimo: George Sand
    Nome Verdadeiro: Amandine Aurore Lucile Dupin

George Sand foi uma escritora francesa, considerada por muitos como uma das precursoras do movimento feminista.
O pseudônimo lhe foi  dado pelo o escritor Jules Sandeau, um de seus inúmeros amantes.


10. Pseudônimo: Voltaire
     Nome Verdadeiro: François Marie Arouet

Voltaire foi um dos maiores pensadores iluministas. Passou a história pelas críticas que fez aos regimes absolutistas europeus, bem como pelas duras críticas à Igreja Católica.
Um dos maiores críticos de toda história da Igreja Católica, o escritor, por ironia do destino (ou desejo de sua família), foi enterrado na Abadia de Scellieres.
Após a Revolução Francesa, contudo, seu corpo foi levado para o Panteão de Paris, onde permanece até hoje.

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Da página "Eu amo ler", no Facebook

sábado, 19 de janeiro de 2013

ELIS REGINA - Aos Nossos Filhos




Aos Nossos Filhos
Música: Ivan Lins - Letra: Vitor Martins
Interpretação:Elis Regina

Perdoem a cara amarrada, 
Perdoem a falta de abraço, 
Perdoem a falta de espaço, 
Os dias eram assim... 

Perdoem por tantos perigos, 
Perdoem a falta de abrigo, 
Perdoem a falta de amigos, 
Os dias eram assim...

Perdoem a falta de folhas, 
Perdoem a falta de ar 
Perdoem a falta de escolha, 
Os dias eram assim...

E quando passarem a limpo, 
E quando cortarem os laços, 
E quando soltarem os cintos, 
Façam a festa por mim...

E quando lavarem a mágoa, 
E quando lavarem a alma 
E quando lavarem a água, 
Lavem os olhos por mim... 

Quando brotarem as flores, 
Quando crescerem as matas, 
Quando colherem os frutos, 
Digam o gosto pra mim...

Digam o gosto pra mim...

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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

ELIANE BRUM - Máscara sem rosto


Máscara sem rosto
Eliane Brum

O filme estranho e a mulher que xingava. O que desejamos quando nos sentamos na poltrona do cinema?


– O que faz você continuar?
 – A beleza do gesto.
Poderia ser “o que faz você continuar a viver?”. E “a beleza do gesto” é uma bela resposta. 
Mas o diálogo se passa entre criaturas bizarras, em uma situação bizarra. Dentro de uma limusine branca que percorre as ruas de Paris, um homem tem como trabalho encarnar vários personagens – não num palco, mas na vida real. Logo que entra no carro, ele recebe o script de sua próxima performance. Assim que esta termina, enquanto tira a maquiagem, a peruca, falsas cicatrizes e deformações, ele lê a descrição da próxima cena na qual será protagonista. E assim acontece por nove vezes em apenas um dia, no qual ele se torna, por exemplo, uma velha mendiga, um “monstro” dos esgotos, um assassino, um velho que se despede da sobrinha antes de morrer, um pai que busca a filha adolescente numa festa. Situações totalmente factíveis, às vezes, em outras improváveis (mas não impossíveis).
  
É este o enredo de um filme estranho – Holy Motors, do francês Leos Carax, que acaba de estrear nos cinemas brasileiros. Tão estranho que até Paris, a cidade mais fotogênica do mundo, a mais palatável, charmant, cheia de joie de vivre, é agora também uma estranha. No Festival de Cannes, quando foi exibido, dizem que o filme chegou a ser aplaudido por 10 minutos. Na sessão em que eu o assisti com amigos, foi linchado.
  
Uma mulher praticamente gritava, amaldiçoando os jornalistas que, com críticas elogiosas, a teriam induzido a entrar na sala de cinema com parte da família e alguns sacos de pipoca. Ela poderia ter comentado o seu desgosto apenas com os seus, num tom de voz mediano, mas ela tinha desgostado tanto que precisava compartilhar – ela queria apoio, adesão à sua revolta. Então xingou alto. 

Uma das pessoas que tinha ido ao cinema comigo – e achou o filme pretensioso ao extremo –, me disse: “Você não vai escrever sobre este filme, né?”. Eu perguntei: “Por que não?”. E meu amigo respondeu: “Porque alguém pode assistir por causa da tua coluna e depois vai te odiar”.
  
A questão, com esse filme, ou pelo menos uma delas, é que não sabemos onde colocá-lo. O que ele está tentando fazer? O que ele quer nos dizer? Como classificá-lo? E quando pensamos que conseguimos entender/definir/ encaixotar, ele desconstrói nossas certezas na cena seguinte. Derruba tudo. E de novo estamos perdidos. 
E, alguns de nós, bastante incomodados com isso.
   
Poderia ser uma metáfora sobre a existência de cada um, na medida em que a vida é isso, uma invenção de sentido que perdemos logo adiante – e de novo temos de criar sentido, só para perdê-lo na próxima virada de esquina. E de novo e de novo até sermos o velho que se despede da sobrinha para em seguida morrer.

E ainda assim viver vale a pena, mesmo que marcados por cada máscara colada e depois arrancada de um rosto que nem sabemos se é o nosso. 

Como não sabemos qual é exatamente a face do homem na parte traseira da limusine, o homem exausto que se transforma tão rapidamente em outros, mas deixando para trás um resto do personagem anterior assinalado no corpo, ainda que seja como uma sobra de maquiagem. Este homem que é, afinal, um ator dentro e fora da tela. E, como ele, também nós podemos dizer que vale a pena continuar a viver por causa da “beleza do gesto”.

Quem é este homem que vive em outros?, nos perguntamos. Qual é a vida “real” deste homem que encena a vida real? A sua vida, não a de suas máscaras? Talvez não haja um rosto, só mais uma máscara. E logo outra mais atrás, mais funda, até o infinito. 

Talvez o sentido de sua vida seja emprestar sentido às existências que encena. Encena ou vive? Existe alguma diferença, afinal?
  
Quem somos nós que vivemos como outros?, poderíamos facilmente trocar de sujeito. Qual é a nossa vida “real”? A nossa, não a de nossas máscaras? Será que existe em nós um rosto que não seja uma máscara? Encenamos ou vivemos? Há diferença, afinal?
   
Somos como a filha que mente? “Você mentiria de novo se soubesse que eu não descobriria?”, pergunta o pai, em um dos poucos diálogos do filme. “Sim”, a menina responde. “Por quê?”, insiste o pai. “Porque agora nós estaríamos mais felizes”. Não é assim tantas vezes, com nossas tantas mentiras, menos para os outros, mais para nós mesmos? E qual é o nosso castigo? À filha, o pai diz: “Seu castigo é que você continuará sendo você.”
  
Talvez sejamos também como a velha mendiga que diz: “Ninguém gosta de mim. Mesmo assim eu sigo existindo”. Nós também seguimos existindo, mesmo que quase ninguém veja a beleza do nosso gesto. 
Talvez este seja um filme sobre a poesia de T.S. Eliot, uma poesia que fala de nós: “Preparar um rosto para encontrar os rostos que encontramos”. 

Quando penso/sinto o que acabei de descrever, me emociono na poltrona do cinema. O encenador de vidas tinha acabado de chegar em mais uma casa que não era a dele, onde o esperava uma família que não era a dele. 
Mas a casa era dele exatamente porque jamais poderia ser, porque não haveria onde se sentir em casa, não haveria um lugar para habitar que lhe pertencesse. Porque sua condição, como também a nossa, era a de estranho, que estranhava e era estranhado. E ali, naquele momento, nós o estranhávamos e nos estranhávamos, ao mesmo tempo.
  
E agora tudo se inverte: “Quem seríamos se tivéssemos sido outros? Não há mais tempo para recomeçar”.
  
Eu me emociono, porque tanto a pergunta quanto a resposta me perseguem há bastante tempo. E então a cena seguinte é tão nonsense que desmancha os sentidos que eu havia construído até ali e, de novo, já não posso ter o conforto de um desamparo que mais ou menos conheço e com o qual me identifico. Sim, porque também o desamparo, quando é íntimo, nos conforta. E mais uma vez estou deslocada – estou perdida.
    
“Em que espelho eu perdi a minha face?”, me indaga de dentro a poesia de Cecília Meireles.

Alguns minutos depois o filme acaba – com talvez um dos piores finais de todos os tempos – e a mulher começa a gritar. Fora da tela, o que ela diz? Ela responsabiliza os críticos, que, na sua opinião, fizeram propaganda enganosa. Se tivesse um posto do Procon na saída, ela faria uma queixa. Tinham prometido a ela uma mercadoria, uma sensação, duas horas de fruição diante da tela – e tudo o que ela teve foi incômodo. E o pior, um incômodo que ela não conseguia definir, nem nomear.  
O diretor não havia entregado. Mas será que ele tinha prometido? Esta pergunta ela jamais faria.

Estamos todos – e não só a consumidora do cinema, que acredita ter sido violada em seus direitos – acostumados a nos relacionarmos com tudo ou quase tudo pela lógica do consumo. A mulher apenas explicita isso ao não suportar o incômodo de ter recebido o que acredita ser mercadoria estragada. Se alguém vai ver um filme como os da saga “Crepúsculo”, sabe que terá o que foi buscar – entretenimento, para as adolescentes também enlevo, sonhos e suspiros, o que pode ser bem importante. Mas se vamos ver um filme de David Cronenberg, por exemplo, não é tão diferente . A relação, não a obra. 

Também esperamos que Cronenberg nos entregue algo que fomos buscar, mesmo que não seja, obviamente, entretenimento – mesmo que seja desconforto, estranheza, mal estar. Assim como sabemos o que esperar de um filme de Andrei Tarkovsky ou de Lars Von Trier. 
Mesmo que vamos assistir a um filme destes criadores para sermos desmontados, porque queremos e precisamos ser desmontados, esperamos receber o que fomos buscar. E, quando não nos entregam aquilo que esperamos, nos sentimos traídos. Apenas que alguns de nós demonstram a decepção de forma mais sofisticada que a mulher do cinema.

Mas um filme não é um sapato nem uma TV de tela plana ou uma geladeira daquelas em que o gelo sai na porta. Quando nos sentamos diante da tela do cinema, num ritual que não combina com celulares ligados nem com conversas com a pessoa ao lado, estamos ali para nos entregarmos a uma experiência. É um momento de confiança, no qual nos ofertamos ao desconhecido. Estamos, literal e simbolicamente, no escuro. 
Durante mais ou menos duas horas algo vai acontecer, em grande medida inesperado. E então seremos novamente devolvidos à sala escura, mas agora transformados por aquilo que experimentamos. Não como a experiência de um sabor novo de sorvete, mas semelhante à experiência de mergulhar em um lago cuja profundidade desconhecemos.

Talvez Holy Motors seja mesmo, como acredita meu amigo, que entende muito mais de cinema do que eu, um dos 10 filmes mais pretensiosos da história. E apenas isso. 
Mas muito tempo se passou desde a última vez em que me encontrei diante de um filme que me negou qualquer possibilidade de classificá-lo. E demoliu, uma a uma, todas as minhas conclusões. Ao final, eu fui deixada no escuro, grata por me sentir tão perdida.

Não havia um certo ou errado entre a mulher que buscava meu apoio, gritando no corredor – e eu que não podia nem queria dá-lo, ainda sentada na poltrona. A diferença entre mim e a mulher que xingava os críticos e o diretor era a lógica que mediava o gesto de ir ao cinema. 
Para ela, haviam prometido e não entregaram. Para mim, não havia nada a entregar porque também não havia nenhuma promessa.

Eu queria dizer a ela: “Arte é aquilo que nos trai”. Em vez disso, continuei sentada com a minha máscara comportada.


*            *            *
In: Revista Época, 03/12/2012



domingo, 13 de janeiro de 2013

Convite - ORLANDO COSTA FILHO

Tela de Leonid Afremov

Convite ...
Orlando Costa Filho

Mulher, aqui está sua taça.
Mas espere! Não beba agora,
antes dancemos, ouça a música que rola;
a Billie, que tanto você adora,
depois o Ray, sem demora,
a Ella...
Deus, que linda
e decisiva hora!

Dancemos e tomemos
cada qual a mão do outro
face to face, scarpin em passos precisos,
junto aos meus que não se atreverão a lhe pisar
tudo em perfeito compasso de mágica espera
do que se está por revelar.

Venha
olhe meus olhos o quanto antes,
a queima roupa. Se os vir brilharem, quicá
qual faca amolada refletindo lua, sem piscar,
fixos nos seus, esqueça a ponta e também o fio
você não vai se machucar, antes permita-me
beijá-la,
ternamente.
Não resista,
não rejeite,
nesse caso meus lábios
contém o vinho da Divina safra.
Muito além daquela que vai na taça.

Se
o que há lá fora permanecer lá fora,
e cá dentro no peito um novo bater aflorar,
como um navio emerge da linha do horizonte
feliz, rumo ao cais
que dasabem pontes, que se dane tudo o mais
não desatraquemos do porto que é seguro,
eis o lençol azul com rendas brancas nas laterais...
Eu
a levo, esquerda direita, entre breves suaves pausas
envoltos por energética aura, muitas causas
nos farão perceber que juntos devemos permanecer
como duo de flautas transversais
(entretanto paralelas entre si)
inédita música trilharmos, ponto e contraponto
magnética, suave, contagiante, inédita...
seu ar, seu pão, seu vinho
eis o caminho...

Deixemos
a taça que lhe trouxe pra depois.
Há saliva suficiente pra trocarmos de excelente safra,
de novos tempos, sem contratempos.
Abrigada do vento sul de fio cortante vou te manter
não vou deixar cair dos seus olhos águas marinhas e safiras
a menos que você chore de prazer.

Vamos
dancemos, ouça a música que rola;
a Billie, que tanto você adora,
depois o Ray, sem demora,
a Ella...
Deus, que linda
será nossa estória!

*            *            *
Castelo, ES - Agosto de 2010

ROSEANA MURRAY - Receita para dias de chuva


Receita para dias de chuva
Roseana Murray

Dia de chuva é para viajar
na neblina e no vento
para dentro para dentro

um livro fechado espera
que se abram suas portas
com as chaves do pensamento


in 'Receitas de Olhar'

sábado, 12 de janeiro de 2013

2013 - CENTENÁRIO DE RUBEM BRAGA


Rubem Braga
BIOGRAFIA DE RUBEM BRAGA
por Baptistão

Rubem Braga, considerado por muitos o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis, nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, ES, a 12 de janeiro de 1913.

Iniciou seus estudos naquela cidade, porém, quando fazia o ginásio, revoltou-se com um professor de matemática que o chamou de burro e pediu ao pai para sair da escola. 

Sua família o enviou para Niterói, onde moravam alguns parentes, para estudar no Colégio Salesiano. 
Iniciou a faculdade de Direito no Rio de Janeiro, mas se formou em Belo Horizonte, MG, em 1932, depois de ter participado, como repórter dos Diários Associados, da cobertura da Revolução Constitucionalista, em Minas Gerais — no front da Mantiqueira conheceu Juscelino Kubitschek de Oliveira e Adhemar de Barros.

Na capital mineira se casou, em 1936, com Zora Seljan Braga, de quem posteriormente se desquitou, mãe de seu único filho Roberto Braga.

Foi correspondente de guerra do Diário Carioca na Itália, onde escreveu o livro "Com a FEB na Itália", em 1945, sendo que lá fez amizade com Joel Silveira. 
De volta ao Brasil morou em Recife, Porto Alegre e São Paulo, antes de se estabelecer definitivamente no Rio de Janeiro, primeiro numa pensão do Catete, onde foi companheiro de Graciliano Ramos; depois, numa casa no Posto Seis, em Copacabana, e por fim num apartamento na Rua Barão da Torre, em Ipanema.

Sua vida no Brasil, no Estado Novo, não foi mais fácil do que a dos tempos de guerra. Foi preso algumas vezes, e em diversas ocasiões andou se escondendo da repressão.

Seu primeiro livro, "O Conde e o Passarinho", foi publicado em 1936, quando o autor tinha 22 anos, pela Editora José Olympio. 
Na crônica-título, escreveu: "A minha vida sempre foi orientada pelo fato de eu não pretender ser conde." 
De fato, quase tanto como pelos seus livros, o cronista ficou famoso pelo seu temperamento introspectivo e por gostar da solidão. 

Como escritor, Rubem Braga teve a característica singular de ser o único autor nacional de primeira linha a se tornar célebre exclusivamente através da crônica, um gênero que não é recomendável a quem almeja a posteridade. 

Certa vez, solicitado pelo amigo Fernando Sabino a fazer uma descrição de si mesmo, declarou: "Sempre escrevi para ser publicado no dia seguinte. Como o marido que tem que dormir com a esposa: pode estar achando gostoso, mas é uma obrigação. Sou uma máquina de escrever com algum uso, mas em bom estado de funcionamento."

Foi com Fernando Sabino e Otto Lara Resende que Rubem Braga fundou, em 1968, a editora Sabiá, responsável pelo lançamento no Brasil de escritores como Gabriel Garcia Márquez, Pablo Neruda e Jorge Luis Borges.
Segundo o crítico Afrânio Coutinho, a marca registrada dos textos de Rubem Braga é a "crônica poética, na qual alia um estilo próprio a um intenso lirismo, provocado pelos acontecimentos cotidianos, pelas paisagens, pelos estados de alma, pelas pessoas, pela natureza."

A chave para entendermos a popularidade de sua obra, toda ela composta de volumes de crônicas sucessivamente esgotados, foi dada pelo próprio escritor: ele gostava de declarar que um dos versos mais bonitos de Camões ("A grande dor das coisas que passaram") fora escrito apenas com palavras corriqueiras do idioma. 
Da mesma forma, suas crônicas eram marcadas pela linguagem coloquial e pelas temáticas simples.

Como jornalista, Braga exerceu as funções de repórter, redator, editorialista e cronista em jornais e revistas do Rio, de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife.

Foi correspondente de "O Globo" em Paris, em 1947, e do "Correio da Manhã" em 1950.

Amigo de Café Filho (vice-presidente e depois presidente do Brasil) foi nomeado Chefe do Escritório Comercial do Brasil em Santiago, no Chile, em 1953. 
Em 1961, com os amigos Jânio Quadros na Presidência e Affonso Arinos no Itamaraty, tornou-se Embaixador do Brasil no Marrocos.

Mas Braga nunca se afastou do jornalismo. 
Fez reportagens sobre assuntos culturais, econômicos e políticos na Argentina, nos Estados Unidos, em Cuba, e em outros países. 

Quando faleceu, era funcionário da TV Globo. 
Seu amigo Edvaldo Pacote, que o levou para lá, disse: "O Rubem era um turrão, com uma veia extraordinária de humor. Uma pessoa fechada, ao mesmo tempo poeta e poético. Era preciso ser muito seu amigo para que ele entreabrisse uma porta de sua alma. Ele só era menos contido com as mulheres. Quando não estava apaixonado por uma em particular, estava apaixonado por todas. 
Eu o levei para a Globo... Ele escrevia todos os textos que exigiam mais sensibilidade e qualidade, e fazia isto mantendo um grande apelo popular."

Fonte: Releituras


"Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na
porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem
para não me deixar entrar, ele ficará indeciso
quando eu lhe disser em voz baixa:
"Eu sou lá de Cachoeiro..."
- Rubem Braga

*        *        *

A Outra Noite
Rubem Braga

Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.

Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou o sinal fechado para voltar-se para mim:

-O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?

Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra - pura, perfeita e linda.

-Mas, que coisa...

Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.

-Ora, sim senhor...

E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um "boa noite" e um "muito obrigado ao senhor" tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei. 

*            *            *

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

CECÍLIA MEIRELES - Desenho


Desenho
Cecília Meireles


Traça a reta e a curva,
a quebrada e a sinuosa
Tudo é preciso.
De tudo viverás.

Cuida com exatidão da perpendicular
e das paralelas perfeitas.
Com apurado rigor.
Sem esquadro, sem nível, sem fio de prumo,
traçarás perspectivas, projetarás estruturas.
Número, ritmo, distância, dimensão.
Tens os teus olhos, o teu pulso, a tua memória.

Construirás os labirintos impermanentes
que sucessivamente habitarás.

Todos os dias estarás refazendo o teu desenho.
Não te fatigues logo. Tens trabalho para toda a vida.
E nem para o teu sepulcro terás a medida certa.

Somos sempre um pouco menos do que pensávamos.
Raramente, um pouco mais.

*            *            *

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Tristeza




"... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, 
todos os amigos que se afastaram, 
todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, 
apenas a ilusão de que tudo podia ser para sempre."

(Miguel Sousa Tavares)