sexta-feira, 11 de março de 2011

MANUEL BANDEIRA - A ESTRADA


A Estrada
 Manuel Bandeira, in "Estrela da Vida Inteira - O ritmo dissoluto"

Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo o mundo é igual. Todo o mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada
por um bodezinho manhoso.
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos,
Que a vida passa! que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.
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É minha primeira postagem aqui, em Itatiaia. Acredito que este meu retorno ficará bem marcado com as palavras de um dos meus poetas preferidos.
Manuel Bandeira tem um tom suavemente triste, delicadamente melancólico.  

Um comentário:

  1. Saudades, amiga!
    Feliz por saber que você está no paraíso.
    "Cada um traz a sua alma. Cada criatura é única".

    Você chega e nos brinda com este maravilhoso poema do Manuel Bandeira. Minha alma agradece.

    Carinhoso abraço e feliz final de semana!

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