quinta-feira, 30 de junho de 2011

GUIMARÃES ROSA


"(...) A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam.  Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa.  Sucedido e desgovernado. Assim eu acho, assim é que eu conto. O senhor é bondoso de me ouvir. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data."

(Grande Sertão: Veredas, p.77-78)
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ELIS REGINA - Retrato em Branco e Preto - Photograph in B&W



Música: Maestro Antonio Carlos Jobim
Letra: Chico Buarque de Hollanda

RECEBIDO POR E-MAIL


CARTA ABERTA AO CHICO BUARQUE - 12/01/2011 11h54

Chico,

Confesso que fiquei chocado ao vê-lo desfilar na passarela da Dilma, cantarolando como se estivesse a defender uma causa justa, honesta e patriótica.

Logo você, Chico, que ganhou tanto dinheiro encantando a juventude da década de 1970 com parolas em prosa e verso sobre liberdade e moralidade. Percebo que aquilo que você chamava de ditadura foi, na verdade, o grande negócio da sua vida. Afinal, você estava à toa na vida. Você deveria agradecer aos militares por tudo o que te fizeram, porque poucos, muito poucos, ganharam tanto dinheiro vendendo ilusões em forma de música e poesia como você.

Estou agora fazendo essa regressão, após vê-lo claudicante como A Mulher de Aníbal no palanque do Lula e da Dilma. Claro que deu para perceber o seu constrangimento, a sua voz trêmula e pusilânime, certamente sendo acusado pela sua consciência de que estava naquele momento avalizando, endossando todas as condutas deste governo trêfego e corrupto.

Nunca, jamais imaginei, Chico, que você pudesse se prestar a isso algum dia. Mas é possível antever que apesar de todos vocês, amanhã há de ser outro dia. Quando chegar o momento, esse nosso sofrimento, vamos cobrar com juros. Juro ! Você, como avalista, vai acabar tendo que pagar dobrado cada lágrima rolada. Você vai se amargar, Chico, e esse dia há de vir antes do que você pensa. Não sei como você vai se explicar vendo o céu clarear, de repente, impunemente. Não sei como você vai abafar o nosso coro a cantar, na sua frente. Apesar de vocês, Chico, amanhã há de ser outro dia.

Estamos sofrendo por ter que beber essa bebida amarga, dura de tragar. Temos pedido ao Pai que afaste de nós esse cálice, mas quando vemos você, logo você, brindando e festejando com todos eles, só nos resta ficar cantando coisas de amor e olhando essa banda passar. E pedir que passe logo, porque apesar de vocês amanhã há de ser outro dia.

Estamos todos cada qual no seu canto, e em cada canto há uma dor, por conta daquela cachaça de graça que a gente tem que engolir (lembra ?), ou a fumaça e a desgraça que a gente tem que tossir.

Só espero, Chico, que as músicas que você venha a compor em parceria com os seus amigos prosélitos de palanque não falem mais de amor, liberdade, moralidade e ética - essas coisas que você embutia disfarçadamente nas suas letras agora mortas de tristeza e dor.

Não fale mais disso - não ficará bem no seu figurino agora desnudo. Componha, iluda, dance e se alegre com todos eles, ganhe lá o seu dinheiro, entre na roda e coloque tudo na sua cueca - ou onde preferir - mas não iluda mais os nossos jovens com suas músicas, simbolizadas hoje apenas na sua gloriosa A Volta do Malandro.

Abrace o Genoino, Sarney, Palocci, Jose Dirceu, desculpe acho que você vai pedir para o Sarney sair.

Assinado (seu vizinho do lado)
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quarta-feira, 29 de junho de 2011

NOTÍCIA INTERESSANTE



O Drummond que você não conhecia
Michaela von Schmaedel - Revista Elle, 28 de junho de 2011

Fãs de Carlos Drummond de Andrade, preparem-se: um novo livro com alguns poemas inéditos acaba de ser lançado. Versos de circunstâncias (Instituto Moreira Salles, 288 págs., R$ 55) reúne 295 dedicatórias em forma de poemas que Drummond costumava escrever aos amigos. Todos esses poeminhas eram transcritos para pequenos cadernos que o próprio autor nomeava de versos de circunstâncias.


Muitos dos homenageados são conhecidos, como Lygia Fagundes Telles, José Olympio e Rachel de Queiroz. O livro foi organizado por  Eucanaã Ferraz, consultor de literatura do IMS, e traz reproduções fieis, sendo possível acompanhar a caligrafia original do poeta. Bacana, né?

A Raquel de Queiroz:

Fotos: Acervo Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa

Colaboração Yasmin Abdalla

terça-feira, 28 de junho de 2011

O QUE SERÁ (1976)- CHICO BUARQUE



"acho que eu mesmo não sei o que existe por trás dessa letra e, se soubesse, não teria cabimento explicar..." (Chico Buarque)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

CECÍLIA MEIRELES - Timidez


Timidez
Cecilia Meireles

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...

- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

e um dia me acabarei.

*        *        *

quarta-feira, 22 de junho de 2011

FERNANDO PESSOA - Há metafísica bastante... (Alberto Caeiro)


O Mistério das Cousas
Alberto Caeiro 

Há Metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?

Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.

Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.

Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber o que não sabem?

"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo" ...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas,
É como pensar em razões e fins

Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.

Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!

(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De que, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.

*                      *                       *

terça-feira, 21 de junho de 2011

CONCIERTO PARA UNA VOZ (Saint-Preux)



O AMOR É LINDO...
Encontrei este diálogo nos comentários do youtube, assistindo a este  vídeo. Achei interessante. Também gosto muito desse "Concerto para uma voz", de Saint-Preux, na voz de Danielle Relicari.

" - Te invito a cerrar tus ojos y dejarte llevar por la armonía de la canción, la cual te invita a soñar a subir el alma al cielo y de ahí al más allá, a soñar con el ser amado que caminan juntos en una sola dirección sin saber lugar a donde van solo el hecho de estar juntos y compartir un sueño hecho realidad.

- EN REALIDAD YO DESEARIA MAS ESTAR SOLA. NO CREO NECESARIO EN MI CASO VIVIR ESTO CON ALGUIEN, ES IMPORTANTE TAMBIEN VIVIR ESTAS COSAS SUBLIMES A SOLA. ME GUSTO TU COMENTARIO.

- Es correcta tu afirmacion. Saludos. "

Agora reparem: há um convite, com a maior delicadeza e até poético, para o início de uma conversa amigável ou mesmo um possível relacionamento.
Depois, a resposta, que embora educada, está em caixa alta e revela o desejo de distanciamento.
Por fim, a "finesse" na aceitação da recusa da "cantada". Uma atitude muito elegante. E rara.
 
Estudos sobre o comportamento humano sempre me chamaram a atenção.
Os vídeos de música clássica no youtube têm, em sua maioria, os comentários em língua estrangeira. Sintomático...
Essa Internet me diverte!
Ô, Língua de Trapo! (kkkkkkkkk!!!!!!!!!)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

NARA LEÃO - Com açucar, com afeto (Chico Buarque)

LIVROS DIFERENTES

 
 
Considéré (et vendu) comme le plus beau livre du monde, la "Dotta Mano" est éditée par la fondation FMR à 33 exemplaires. Une couverture en marbre réalisée par Michelangelo représente "La Vierge à l'escalier". Le contour est en velours frappé, l'intérieur est couvert de papier marbré, réalisé en plongeant des feuilles dans un liquide à base d'algues.
Parfois les images sont si présentes dans une histoire qu'elles semblent jaillir du livre... C'est ce que matérialise Su Blackwell, artiste britannique, qui s'efforce d'illustrer l'univers d'une oeuvre avec ses créations.

C'est en les lisant avec attention que l'on apprend à connaître les écrivains. Mais pas facile de savoir à quoi ressemblent physiquement les auteurs grâce à un livre... C'est pour remédier à cela que l'agence Van Wanten Etcetera a décidé de mettre en avant ces ouvrages à l'effigie de leurs auteurs. Anne Frank, Kader Abdolla mais aussi Louis Van Gaal et Vincent Van Gogh ont été représentés à l'occasion d'un salon littéraire hollandais.  
Voici un magnifique livre d'heures (ou livre de prière enluminé) du XVe siècle, écrit et décoré par Nicolas Blairié, à la forme étonnante. Lorsqu'il est ouvert, il se transforme en coeur.
 
 
 
Fonte: revista eletrônica L'Internaute 

domingo, 19 de junho de 2011

VIVA A MÚSICA !



O PODER DAS CANÇÕES
Trechos de artigo na revista Isto É, seção Medicina e Bem-estar, publicado em 2009.
Por Cilene Pereira


O bem-estar promovido quando se ouve uma boa música é inegável. Mas a ciência está descobrindo que os benefícios da canção para o corpo e a mente vão muito além do relaxamento.
Pesquisas feitas em vários laboratórios espalhados pelo mundo informam que as composições contribuem para o alívio da dor, atenuam a depressão, ajudam no tratamento de doenças respiratórias, afiam o funcionamento cerebral e até auxiliam na restauração da visão de pacientes vítimas de acidente vascular cerebral.
(...)
Mas o que outros estudos estão demonstrando é um espectro mais amplo de vantagens. Um trabalho realizado no Instituto do Coração, em São Paulo, com 70 doentes revelou que aqueles que ouviam música clássica durante durante a realização de um cateterismo diagnóstico (procedimento no qual um cateter é levado até o coração para identificar eventuais obstruções nas artérias) ficaram bem menos ansiosos do que os submetidos ao exame sem trilha sonora.
(...)
Na Inglaterra, uma equipe do Imperial College London descobriu que a música ajuda pessoas com a visão debilitada após um acidente vascular cerebral. Eles verificaram que os indivíduos enxergavam melhor quando ouviam suas canções preferidas. "Acredito que o prazer que isso proporciona libera substâncias que facilitam a transmissão de sinais entre os neurônios", explicou à ISTO É o pesquisador David Soto, autor do trabalho. (...)
De fato, está provado que há mudanças significativas dentro do organismo promovidas pela música. "Ouvir ou apenas pensar em uma música estimula o fluxo sanguíneo entre as redes de neurônios", disse à ISTO É Wendy Magee, pesquisadora de musicoterapia do Instituto de Reabilitação Neuropaliativa, em Londres.
Em um trabalho publicado na última edição do jornal Circulation, da Associação Americana de Cardiologia, pesquisadores italianos descreveram outros efeitos: quando o andamento é lento, os vasos sanguíneos se dilatam, resultando em uma queda da pressão arterial. Se for mais rápido, ao contrário, há uma contração dos vasos, elevando a pressão. E períodos com frases musicais longas, como no coro "Va Pensiero", da ópera "Nabuco", de Verdi, sincronizam o ritmo dos batimentos cardíacos. 
É a mudança do corpo pelo som. "Toda forma de arte, inclusive a música, é um caminho seguro e direto de transformação, diz o médico Samir Rahme.

Então, Viva a Música!

sábado, 18 de junho de 2011

VIAGEM - EMÍLIO SANTIAGO


Composição de João de Aquino e Paulo Cesar Pinheiro que escreveu o poema aos 15 anos de idade.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A LISTA - OSWALDO MONTENEGRO

"BUDA NO LIXO"

Foto Jornal UOL em 17 de junho de 2011
 Hoje, ao abrir a Internet para leitura de e-mail, notícias e o que mais podemos usufruir  dessa ferramenta extraordinária, deparo-me com a manchete - "Buda no lixo" - e a foto do Jornal  UOL. Fiquei pensando que parece, mesmo, um alerta  para os tempos esquisitos que vivemos. Evidentemente o flagrante remete ao tsunami no Japão (um dos) mas, de todo modo, é impressionante como às vezes certos acontecimentos aparentemente banais - não o tsunami, mas a publicação da foto - nos induzem a refletir e buscar nossa essência.
Buda, essa figura milenar, fonte de sabedoria, tem sua enorme escultura fotografada em meio à destruição, ao caos. É como se daquela altura quisesse nos impactar, lembrando-nos de que temos, sim, essa sociedade global, atirado ao lixo seus ensinamentos.
Fui então à "bagunça organizada" da minha biblioteca para compartilhar alguns preceitos de "O evangelho de Buda" (Editora Pensamento):

- "(...) Os erros passados engendram tristeza e sofrimento. A passada retidão traz felicidade. Colhereis o que semeardes. Vede vossos campos. O sésamo foi sésamo, e o trigo, trigo. O silêncio e a sombra o sabem. Assim nasce o destino do homem. Vem à vida e colhe o que semeou; sésamo ou trigo, ou venenosas e daninhas ervas que o corrompem e à doentia terra. Porém, se bem lavrada a terra e estirpadas as más ervas, semeando em seu lugar as sãs e puras, formoso e fértil será o solo e ótima a colheita."

- "Isto basta para se saber quão ilusórios são os céus , as terras, os mundos e as mudanças que os alteram em potentes rodas de lutas e violências, cujo turbilhonante giro ninguém pode deter nem inverter. Não supliqueis, porque as trevas não iluminarão. Nada peçais ao silêncio, porque ele está mudo. Nada espereis dos deuses implacáveis, oferecendo-lhes hinos e dádivas."(...) "Em nós mesmos devemos buscar a libertação."

É... talvez sejam tempos para reflexão e mudança de atitudes.


Nota de esclarecimento:
Depois do comentário de "Anônimo",  ao reler o texto, me dei conta de que a interpretação poderia dar margem a se imaginar um "milagre". Nada disto. Embora proporcionalmente a escultura seja bem maior até que um prédio e o material seja mais resistente, mesmo que seja uma 'montagem', o que me chamou a atenção foi a criatividade na publicação da foto. Para um observador atento há, sim, uma intenção de alerta para os chamados fenômenos naturais que tem acontecido. Em se tratando do Japão - conglomerado de ilhas - a situação é ainda mais preocupante.
*         *         *

quinta-feira, 16 de junho de 2011

UM LUGAR NO PASSADO


Estava pensando em como devemos agradecer os momentos doces em nossa vida. Esses momentos talvez sejam os responsáveis por seguirmos adiante. Quantas vezes precisamos buscar um tempo de encantamento para segurarmos a barra da existência... É tão bom  estar viva e lúcida para relembrar.
Quando jovem, tive pensamentos bem sombrios sobre o futuro e isto pode ser confirmado em alguns antigos textos como alguns que já publiquei aqui. Interessante é poder verificar uma "quase profecia" - desculpando, é claro, a enorme falta de modéstia.
Mas o olhar da maturidade é outro, acreditem. Olhar benevolente, de bem com quase tudo, entristecendo-se com quase nada.
Atrevo-me a trazer outro texto, escrito durante o curso na Faculdade. Trata-se de parte de um trabalho acadêmico e gostaria de compartilhar com quem gosta de leitura.
*         *          *


Setembro, 1981
Lembro-me de que nossa primeira aula sobre J.Guimarães Rosa alertava-me para a dificuldade de leitura deste autor.
"Considerado pela crítica um autor difícil". Eu não conhecia nada dele! O adjetivo "difícil" foi o impulso. Disciplinadamente (fugindo ao habitual em mim - sou um pouco rebelde e às vezes preguiçosa), propus-me o esquema ordenado da leitura de "Rosa do sertão profundo".  Comecei com "Sagarana", obedecendo à ordem sugerida: primeiro o conto "São Marcos", depois "O burrinho pedrês", em seguida "A hora e a vez de Augusto Matraga". Recentemente, "Grande Sertão:Veredas", que agradeço.
Certo, um autor difícil, porque difícil é aceitar em nós mesmos as oposições em que os contrários se confundem. Difícil é segurar o momento, pois nossa realidade existencial é mutável, é um vir a ser, processo em curso (crescimento e decadência), metamorfose.
Presente como resultado do passado. Viagem de Riobaldo por seu passado; travessia difícil, escura, tortuosa e que, ao fim - será que chegou mesmo ao fim? - defronta-se "nonada" do dia a dia.
Difícil, tenho que concordar. Linguagem nova, própria, característica de quem se habituou a monólogos. Pareceu-me o livro um grande monólogo. O interlocutor paradoxalmente não se manifesta. E os contrastes, as dúvidas: "Diadorim...cujos olhos têm o verde brilhante das folhas do buriti", mas que é também "a calamidade do quente, com o esbraseado, o estufo, a dor, sem nem ao menos sinal de sombra, sem água, sem capim, com o pesadelo mesmo de delírio".  Um romance todo sensorial.
O desassossego do mundo: "todos nascendo, crescendo, se casando, querendo colocação de emprego, comida, saúde, riqueza, ser importante, querendo chuva e negócios bons" ; a loucura de todos - "todo mundo é louco - o senhor, eu, nós, as pessoas todas."    E a religião como saída - uma religião misto de todas:  "Eu cá não perco ocasião de religião - bebo água de todo rio. Uma só, para mim talvez é pouca, talvez não chegue."
Há sempre a volta do bem e do mal, transfigurados pelas emoções. Riobaldo revive o passado, quer saber como o bem e o mal podem coexistir.  Mas suas dúvidas permanecem. Continua sem saber se o diabo existe ou não, e se realmente pactuou com ele.
Por que encontrou Diadorim se não pôde tê-la?  Que estranha razão para conviver com jagunços, justo quem simbolizava o amor e a beleza?
Diadorim é a lembrança que o impede de raciocinar - "uma neblina" dentro de si mesmo.
O que impressiona, também, é a lucidez da personagem em relação ao que conta. "Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo. Mas não é por disfarçar, não pense" (p. 77). E ainda: "Desculpa me dê o senhor, sei que estou falando demais dos lados. Resvalo. Assim é que a velhice faz".  "Contar é muito, muito dificultoso."
A figura de Zé Bebelo... Coisa mais bonita e verdadeira. A admiração que um espírito sonhador (Riobaldo) sente por alguém que tem os pés na terra, alguém de idéias práticas, reais. E afinal, para onde vão os sonhos: bater com toda força na realidade de pés de chumbo.
Todo o livro é uma chamada para a vida, para a linguagem da beleza, para a meditação mesma na palavra viver.
A gente está sempre "nonada" tentando construir a liberdade, será?
"Mas viver é negócio muito perigoso".
"O diabo vige dentro do homem..."

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DESCULPAS


Mil desculpas

Aos poucos - e seletos (rsrsrs) - amigos que por acaso leiam este meu bloguinho feito com carinho:


Há quatro dias não consigo acessar Comentários no meu blog ou em qualquer outro. Tenho enviado e-mail para o blogger (o "deus" Google) e o máximo que consigo é uma resposta idiota, padronizada e sem sentido, orientando determinadas ações que mesmo sendo seguidas não apresentam resultados. A "equipe" do blogger não resolve o problema.
Em um dos e-mail  perguntei se eu havia cometido alguma infração a qualquer cláusula do contrato. Perguntei também se é porque o blog não gera receita.
Vai ver, estou fazendo papel de mais boba ainda, tentando me comunicar com máquina. Aliás, em um texto escrito há 30 anos, eu disse que estaríamos, no futuro,  conversando com máquinas.
Coisa mais triste não pode haver.
Assim, devo desculpas aos poucos - e seletos - que postam seus Comentários, pois não tenho como agradecer. Faço-o aqui e agora.
Talvez eu desative o blog porque paciência, infelizmente, é uma das muitas virtudes que me faltam.
Registre-se que o Ouriço tentou ser Elegante.

Aí está um trechinho da música "Não me percas nunca mais" (não é ironia, não) de Miguel Garneiro, cantor e compositor português contemporâneo, como um pedido de desculpas aos meus queridos amigos.

..."do perfeito ao imperfeito
a distância é tão igual
se às vezes me falta o jeito,
estou longe de ser perfeito,
não me leves a mal"...

Bjim.

Sueli
Itatiaia, 15 de junho de 2011

MANUEL BANDEIRA - Eclipse

Eclipse lunar em 14 de junho de 2011 (foto jornal UOL)
Eu vi !

É noite. A lua, ardente e terna,
Verte na solidão sombria
A sua imensa, a sua eterna
Melancolia...
(...)


Manuel Bandeira

segunda-feira, 13 de junho de 2011

OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO - Drummond

L'AMITIÉ - Françoise Hardy




A amizade

Muitos de meus amigos vieram das nuvens,
Com o sol e a chuva como bagagem.
Fizeram a estação da amizade sincera,
A mais bela das quatro estações da terra.

Têm a doçura das mais belas paisagens,
E a fidelidade dos pássaros migradores.
E em seu coração está gravada uma ternura infinita,
Mas, às vezes, uma tristeza aparece em seus olhos.

Então, vêm se aquecer comigo,e você também virá.
Poderá retornar às nuvens e sorrir de novo a outros rostos,
Distribuir à sua volta um pouco da sua ternura,
Quando alguém quiser esconder sua tristeza.

Como não sabemos o que a vida nos dá,
talvez eu não seja ninguém.

Se me resta um amigo que realmente me compreenda,
Me esquecerei das lágrimas e penas.
Então, talvez eu vá aquecer meu coração com sua chama.
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MÁRIO QUINTANA



Antes, muito antes que o rádio
houvesse conspurcado os espaços,
escrevi em Alegrete um poema
de que apenas recordo estes versos:


"entre a minha casa e a tua
há uma ponte de estrelas"


Era uma ponte de silêncio...Quando muito,
uma nova Ponte de Suspiros.
Agora Maria acaba de me telefonar do Rio.
Não era a voz dela.
Havia algo de mecânico e metálico,
de inumano naquela voz,
como se fora a voz de uma maria-robô.
Faltava-lhe esse calor humano
que só a presença animal de uma pessoa
nos pode transmitir...
e que faz com que
qualquer mentira tenha tanta verdade!


Mario Quintana, In: Na Volta da Esquina

POETA COLOMBIANO


PANORAMA VISTO DO TRAPÉZIO
EFRAIM MEDINA REYES

Há dois tipos de ausência:
Numa o ausente não retorna,
na outra, o ausente não parte.

Uma é atravessada pelo sol,
a outra embaça o vidro
e seca  capim já seco.

Uma transforma o ruído
em aventura;
a outra é um longo domingo
sem revistas.
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domingo, 12 de junho de 2011

VINÍCIUS DE MORAES - Ternura





Ternura
Vinicius de Moraes

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
extático da aurora.
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sexta-feira, 10 de junho de 2011

DRUMMOND E OS NAMORADOS


AOS NAMORADOS DO BRASIL
Carlos Drummond de Andrade

Dai-me, Senhor, assistência técnica
para eu falar aos namorados do Brasil.
Será que namorado algum escuta alguém?
Adianta falar a namorados?
E será que tenho coisas a dizer-lhes
que eles não saibam, eles que transformam
a sabedoria universal em divino esquecimento?
Adianta-lhes, Senhor, saber alguma coisa,
quando perdem os olhos
para toda paisagem ,
perdem os ouvidos
para toda melodia
e só vêem, só escutam
melodia e paisagem de sua própria fabricação?

Cegos, surdos, mudos - felizes! - são os namorados
enquanto namorados. Antes, depois
são gente como a gente, no pedestre dia-a-dia.
Mas quem foi namorado sabe que outra vez
voltará à sublime invalidez
que é signo de perfeição interior.
Namorado é o ser fora do tempo,
fora de obrigação e CPF,
ISS, IFP, PASEP,INPS.

Os códigos, desarmados, retrocedem
de sua porta, as multas envergonham-se
de alvejá-lo, as guerras, os tratados
internacionais encolhem o rabo
diante dele, em volta dele. O tempo,
afiando sem pausa a sua foice,
espera que o namorado desnamore
para sempre.
Mas nascem todo dia namorados
novos, renovados, inovantes,
e ninguém ganha ou perde essa batalha.

Pois namorar é destino dos humanos,
destino que regula
nossa dor, nossa doação, nosso inferno gozoso.
E quem vive, atenção:
cumpra sua obrigação de namorar,
sob pena de viver apenas na aparência.
De ser o seu cadáver itinerante.
De não ser. De estar, e nem estar.

O problema, Senhor, é como aprender, como exercer
a arte de namorar, que audiovisual nenhum ensina,
e vai além de toda universidade.
Quem aprendeu não ensina. Quem ensina não sabe.
E o namorado só aprende, sem sentir que aprendeu,
por obra e graça de sua namorada.

A mulher antes e depois da Bíblia
é pois enciclopédia natural
ciência infusa, inconciente, infensa a testes,
fulgurante no simples manifestar-se, chegado o momento.
Há que aprender com as mulheres
as finezas finíssimas do namoro.
O homem nasce ignorante, vive ignorante, às vezes morre
três vezes ignorante de seu coração
e da maneira de usá-lo.

Só a mulher (como explicar?)
entende certas coisas
que não são para entender. São para aspirar
como essência, ou nem assim. Elas aspiram
o segredo do mundo.

Há homens que se cansam depressa de namorar,
outros que são infiéis à namorada.
Pobre de quem não aprendeu direito,
ai de quem nunca estará maduro para aprender,
triste de quem não merecia, não merece namorar.

Pois namorar não é só juntar duas atrações
no velho estilo ou no moderno estilo,
com arrepios, murmúrios, silêncios,
caminhadas, jantares, gravações,
fins-de-semana, o carro à toda ou a 80,
lancha, piscina, dia-dos-namorados,
foto colorida, filme adoidado,,
rápido motel onde os espelhos
não guardam beijo e alma de ninguém.

Namorar é o sentido absoluto
que se esconde no gesto muito simples,
não intencional, nunca previsto,
e dá ao gesto a cor do amanhecer,
para ficar durando, perdurando,
som de cristal na concha
ou no infinito.

Namorar é além do beijo e da sintaxe,
não depende de estado ou condição.
Ser duplicado, ser complexo,
que em si mesmo se mira e se desdobra,
o namorado, a namorada
não são aquelas mesmas criaturas
que cruzamos na rua.

São outras, são estrelas remotíssimas,
fora de qualquer sistema ou situação.
A limitação terrestre, que os persegue,
tenta cobrar (inveja)
o terrível imposto de passagem:
"Depressa! Corre! Vai acabar! Vai fenecer!
Vai corromper-se tudo em flor esmigalhada
na sola dos sapatos..."
Ou senão:
"Desiste! Foge! Esquece!"
E os fracos esquecem. Os tímidos desistem.
Fogem os covardes.

Que importa? A cada hora nascem
outros namorados para a novidade
da antiga experiência.
E inauguram cada manhã
(namoramor)
o velho, velho mundo renovado.
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quarta-feira, 8 de junho de 2011

LEITURA...RELEITURA

Quando me atrevo a escrever aqui no Língua de Trapo sempre me vem  a certeza de que tudo, mas tudo mesmo, já foi escrito e de modo muito melhor. Por isso, prefiro as transcrições, as citações daqueles autores com os quais comungo e pelos quais tenho o maior respeito e admiração.

Não adianta. Pensamentos inquietantes, talvez pela releitura de Grande Sertão: Veredas a que me propus à procura de alguma resposta, se é que existe. 
Detenho-me nos trechos sobre a técnica da narrativa e a consciência de que é muito difícil, mesmo, contar o que se vive ou o que se viveu. Vamos lá:

..."Ai, arre, mas: que esta minha boca não tem ordem nenhuma. Estou contando fora, coisas divagadas"... p.19

..."Se eu estou falando às flautas, o senhor me corte. Meu modo é este. Nasci para não ter homem igual em meus gostos. O que eu invejo é sua instrução do senhor... (..) Ou conto mal? Reconto." p.49

"Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo." p.77

"Desculpa me dê o senhor, sei que estou falando demais, dos lados. Resvalo. Assim é que a velhice faz. Também, o que é que vale e o que é que não vale? Tudo. Mire veja: sabe porque é que eu não purgo remorso?Acho que o que não deixa é a minha boa memória. A luzinha dos santos-arrependidos se acende é no escuro. Mas, eu, lembro de tudo." p. 112

Enfim, por aí vai. Esse livro contém, para mim, todas as emoções. Tudo.

(Meu livro é da 14ª edição, L.José Olympio, Rio de Janeiro)

"MUNDO, MUNDO... VASTO MUNDO"


Imaginem quantas histórias, quantos filmes ou livros podem ser criados com a observação de apenas alguns momentos do dia na vida do outro... ou na nossa mesmo.
Assim é que os grandes da literatura conseguiram a atenção para as verdades ou mentiras publicadas.  Ao lermos algumas biografias (embora o processo seja o mesmo - verdades ou mentiras), há um mecanismo para percebermos, quase sempre,  adversidades enfrentadas e superadas, ou não.

Sim, temos agora à disposição todos os meios possíveis para divulgação de nossas idéias, nossos sentimentos, enfim, não há mais a vida particular. Todos nos consideramos aptos a publicar seja lá o que for, desejando, secreta ou explicitamente, o reconhecimento de nossas virtudes (defeitos, só os dos outros!).

São tantas as leituras, tantas as informações, tantas as possibilidades... Isso às vezes cansa pela mesmice, pela repetição.

Lá vem Guimarães Rosa:
"... Tanta gente - dá susto se saber - e nenhum se sossega: todos nascendo, crescendo se casando, querendo colocação de emprego, comida, saúde, riqueza, ser importante, querendo chuva e negócios bons..." - in: Grande Sertão: veredas.

Certa vez, há muito tempo, época de escola secundária ainda, um colega muito inteligente disse o seguinte:"o ser humano só parece vário em uma mesma geração; visto nos outros tempos, em essência ele é sempre o mesmo".
Cheio de razão.

Memória literária em ação: vale reler 'POEMA EM LINHA RETA' do Álvaro de Campos. Acho que tem aqui no arquivo do blog, no marcador Língua Irmã - autores portugueses. 
Bem, de qualquer modo, há o 'deus' Google.
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terça-feira, 7 de junho de 2011

GUIMARÃES ROSA





"Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.

Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens."

João Guimarães Rosa

segunda-feira, 6 de junho de 2011

TOULOUSE-LAUTREC - ELEGÂNCIA

AT THE MOULIN ROUGE, 1892 - TOULOUSE-LAUTREC

A Elegância do Comportamento


Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a elegância do comportamento. É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.

É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto. É uma elegância desobrigada.

É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.

É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas, por exemplo. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros.

É possível detectá-la em pessoas pontuais.

Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.

Oferecer flores é sempre elegante.

É elegante não ficar "espaçoso".

É elegante você fazer algo por alguém, e este alguém jamais saber o que você teve que se arrebentar para o fazer… porém, é elegante reconhecer o esforço, a amizade e as qualidades dos outros.

É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.

É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.

É elegante retribuir carinho e solidariedade.

É elegante o silêncio, diante de uma rejeição…

Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.

Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.

É elegante a gentileza.

Atitudes gentis falam mais que mil imagens…

Abrir a porta para alguém é muito elegante…

Dar o lugar para alguém sentar… é muito elegante…

Sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma…

Oferecer ajuda… é muito elegante…

Olhar nos olhos, ao conversar é essencialmente elegante…

Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas tentar imitá-la é improdutivo. A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social: Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os desafetos é que não irão desfrutá-la.

Adaptação de texto extraído do Livro: EDUCAÇÃO ENFERRUJA POR FALTA DE USO [pintor francês e deficiente físico, Henri TOULOUSE LAUTREC (1864-1901).
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sábado, 4 de junho de 2011

GLENN MILLER - At Last

ESTAMOS BEM... ESTAMOS BEM...


AGORA É MATEMÁTICA... O QUE VIRÁ DEPOIS?

03/06/2011 - 21h05


MEC distribui livro com erro de matemática a 37 mil escolas


ANGELA PINHO - de Brasília, DF


O Ministério da Educação gastou R$ 14 milhões para distribuir material didático com erros de matemática a 37 mil escolas de educação no campo no ano passado.

Nele se aprende, por exemplo, que 10-7=4 e que 16-8=6. Há ainda exercícios que remetem à página errada e frases incompletas.

Foi pedida à CGU (Controladoria-Geral da União) uma sindicância para apurar as eventuais responsabilidades pelos erros e pela falta de revisão.

A coleção na qual os erros foram detectados tem obras sobre matemática, língua portuguesa, ciências, geografia e história.

O total de estudantes prejudicados, de acordo com o MEC, é de cerca de 300 mil, menos de 1% do ensino público.

Após a constatação dos erros, o ministério decidiu enviar aos coordenadores do programa de educação no campo uma orientação para que o uso do material seja suspenso.
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Muito esquisita essa frase em verde (o destaque é meu).  Mesmo que 'o total de estudantes prejudicados' fosse 0,001%,  não há justificativa.