quarta-feira, 8 de junho de 2011

LEITURA...RELEITURA

Quando me atrevo a escrever aqui no Língua de Trapo sempre me vem  a certeza de que tudo, mas tudo mesmo, já foi escrito e de modo muito melhor. Por isso, prefiro as transcrições, as citações daqueles autores com os quais comungo e pelos quais tenho o maior respeito e admiração.

Não adianta. Pensamentos inquietantes, talvez pela releitura de Grande Sertão: Veredas a que me propus à procura de alguma resposta, se é que existe. 
Detenho-me nos trechos sobre a técnica da narrativa e a consciência de que é muito difícil, mesmo, contar o que se vive ou o que se viveu. Vamos lá:

..."Ai, arre, mas: que esta minha boca não tem ordem nenhuma. Estou contando fora, coisas divagadas"... p.19

..."Se eu estou falando às flautas, o senhor me corte. Meu modo é este. Nasci para não ter homem igual em meus gostos. O que eu invejo é sua instrução do senhor... (..) Ou conto mal? Reconto." p.49

"Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo." p.77

"Desculpa me dê o senhor, sei que estou falando demais, dos lados. Resvalo. Assim é que a velhice faz. Também, o que é que vale e o que é que não vale? Tudo. Mire veja: sabe porque é que eu não purgo remorso?Acho que o que não deixa é a minha boa memória. A luzinha dos santos-arrependidos se acende é no escuro. Mas, eu, lembro de tudo." p. 112

Enfim, por aí vai. Esse livro contém, para mim, todas as emoções. Tudo.

(Meu livro é da 14ª edição, L.José Olympio, Rio de Janeiro)

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