"A ostra, para fazer uma pérola, precisa ter dentro de si um grão de areia que a faça sofrer. Sofrendo, a ostra diz para si mesma:
'Preciso envolver essa areia pontuda que me machuca com uma esfera lisa que lhe tire as pontas…'
Ostras felizes não fazem pérolas…
Pessoas felizes não sentem a necessidade de criar. O ato criador, seja na ciência ou na arte, surge sempre de uma dor, Não é preciso que seja uma dor doída…Por vezes a dor aparece como aquela coceira que tem o nome de curiosidade.
Este livro está cheio de areias pontudas que me machucaram.
Para me livrar da dor, escrevi"
(Texto na contracapa do livro “Ostra feliz não faz pérola”)
Um dia Rubem estava ouvindo uma sonata para violino e piano e se emocionou. Perguntou a si mesmo: Porque é que você está chorando?. A resposta veio fácil: choro por causa da beleza.
Mas o que é a experiencia da beleza?
Sem uma resposta pronta lembrou de algo que aprendeu com Platão.
"Platão, quando não conseguia dar respostas racionais, inventava mitos.
Ele contou que, antes de nascer, a alma contempla todas as coisas belas do universo.
Esta experiência é tão forte que todas as infinitas formas de beleza do universo ficam eternamente gravadas em nós. Ao nascer, esquecemo-nos delas. Mas não as perdemos.
A beleza fica em nós adormecida como um feto.
Assim, todos nós estamos grávidos de beleza, beleza que quer nascer para o mundo qual uma criança. Quando a beleza nasce, reencontramo-nos com nós mesmos e experimentamos a alegria."
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