Quando há feto
Marla de Queiroz
Uma ventania no meu corpo ventre,
afeto se exacerba se há feto após semente.
Mudo o meu semblante, pele, poros, valores, planos.
Será, talvez, o único amor onde não caibam desenganos.
Todas as minhas formas vão se amoldando.
Há além de um EU, um ser tão MEU,
que sendo em si dentro de mim, é também Mundo.
Uma ventania no meu corpo ventre mudou todos os meus rumos.
Como te dizer, se ainda desconheço a tua face, deste amor que já é tão profundo?
(Flor que desabrocha, pétala por pétala. Tantas no jardim, mas só me atento a esta).
Eu te gestei por meses, guardando como MEU.
Mas quando vi teu rosto, quem nasceu fui EU.
* * *