Uma pequena pétala que voa*, asas marrons e brancas, pousou no meu braço, quase à altura do ombro. Pousou e ficou o tal instante exato para cristalizar o presente.
E senti-me, súbito, um ser eleito, digno de experiências além do limite da realidade - conversar com anjos, sobrevoar o tempo nas costas de um dragão,...
Tá bom, sei, grande coisa, não foi nada demais. Mas permita-me, Deus, experimentar uma gota de envaidecimento. Perdoe-me pelo meu orgulho ao olhar minhas mãos limpas de sangue e por ainda me descobrir capaz de encantar-me com essa alegria boba que estremeceu meu coração jurássico.
Uma borboletinha silvestre fez-me um carinho inesperado e pincelou meu dia de sonho.
(TEL MONT)
* referência a Clarice Lispector
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