Mizaru, Kikazaru e Iwazaru
Silvia Kawanami - Mitologia Japonesa
Os três macacos sábios
Significado de Mizaru 見 ざる, Kikazaru 聞か ざる, Iwazaru 言わ ざる
Literalmente significa: miru=olhar, kiku=ouvir, iu=falar e zaru=negar, que pode ser traduzido como “Não olhe para o mal, não escute o mal, não pronuncie o mal”.
Embora tenha diversas interpretações, eu acredito que se refira ao fato que se não praticarmos o mal aos outros, manteremos o mal distantes de nós mesmos.
Neste provérbio antigo, vemos três macaquinhos associados a ele.
Cada um complementa o ditado popular com um gesto diferente: Um tampa os olhos, o do meio tampa os ouvidos e o outro tampa a boca.
Mas de onde surgiu essa frase? O que ela realmente quer dizer?
Bom, ao que parece, sua origem é chinesa, porém é quase certo que foi no Japão que ela ganhou o mundo e se tornou um ditado popular ou um provérbio japonês, que no Japão são chamados de Kotowaza.
A relação do ditado com os macaquinhos seria devido a um jogo de palavras.
É que “Zaru” se usa no final dos verbos no Japão e sua fonética soa parecido com “Saru”, que é macaco em japonês.
Existe uma estátua dos três macacos no Santuário Toshougu, na cidade de Nikko, na qual ilustram a porta do Estábulo Sagrado.
Sanzaru, os três macacos sábios
A filosofia por trás do simbolismo dos macacos vem de uma lenda Tendai-budista, na qual os macacos são usados para representar o ciclo de vida do homem.
O provérbio “não veja o mal, não ouça o mal, não fale o mal” é chamada no Japão de “regra de ouro”, onde se se encontra outros ensinamentos que ajudam a promover harmonia entre as pessoas: Não faça aos outros o que não gostaria que fizessem a você.
Segundo a religião budista, os gestos dos três macacos representam a divindade de seis braços Vajrakilaya, cujo principal ensinamento é não ouvir, ver ou falar mal, pois dessa forma, nós mesmos seremos poupados do mal.
Em outras interpretações dizem que as estátuas dos Três Macacos Sábios simbolizam paz e harmonia, protegem o lar das energias ruins e ajuda a evitar que o mal se espalhe.
Eles também são chamados de “Os Três Macacos Místicos” (Sambiki Saru) e além do Budismo Tendai, o macaco tem forte ligação com o Xintoísmo HIE.
Há festivais importantes, como alguns que ocorrem durante o ano do macaco (a cada 12 anos) e um festival especial é comemorado todos os anos, o Festival de Koshin.
Festival Koshin (Dia do Macaco)
O festival Koshin é conhecido como Dia do Macaco.
Fala sobre uma divindade chamada Koshin que tinha três macacos como mensageiros. Em algumas versões, os três macacos estão representados como três vermes que vivem dentro de nós mesmos, na qual registram tudo de bom e de mau que fazemos.
No 60° dia do calendário, enquanto as pessoas dormem, os três vermes saem e vão até o deus Koshin, que julgará e punirá a pessoa conforme o que foi relatado pelos três vermes.
Para evitar um possível castigo, portanto, é preciso ficar acordado para evitar que os vermes saiam de dentro das pessoas e relatem os maus feitos a Koshin.
Por causa dessa lenda de origem no taoismo chinês, antigamente famílias e amigos se reuniam para ficar em vigília durante a noite inteirinha, que durava desde o início da noite da véspera do Festival Koshin até o amanhecer no outro dia, onde passavam o tempo bebendo, comendo e conversando para se manterem acordados.
Esse provérbio “Mizaru, Kikazaru e Iwazaru”, “Não olhe para o mal, não escute o mal, não pronuncie o mal”, que em inglês é conhecido como “See no evil, Hear no evil, Speak no evil” serve como uma boa reflexão nesse início de ano, como uma forma de olharmos para dentro de nós mesmos, afastando tudo que nos faça mal e nos dando a chance de sermos cada dia melhores do ponto de vista espiritual.
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