sábado, 4 de fevereiro de 2012

ANTERO DE QUENTAL - Oceano

Oceano
Antero de Quental
Portugal - Ponta Delgada, 18 de abril de 1842 — 11 de setembro de 1891

 

Junto do mar, que erguia gravemente
a trágica voz rouca, enquanto o vento
passava como o vôo do pensamento
que busca e hesita, inquieto e intermitente,

junto do mar sentei-me tristemente,
olhando o céu pesado e nevoento,
e interroguei, cismando, esse lamento
que saía das coisas, vagamente...

Que inquieto desejo vos tortura,
seres elementares, força obscura?
Em volta de que idéia gravitais?

Mas na imensa extensão, onde se esconde
o Inconsciente Imortal, só me responde
um bramido, um queixume, e nada mais...

*        *        *

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