quarta-feira, 24 de julho de 2013

MIGUEL TORGA - Chove



Chove
Miguel Torga - Coimbra, 1943

Chove uma grossa chuva inesperada
que a tarde não pediu mas agradece.
Chove na rua, já de si molhada
duma vida que é chuva e não parece.

Chove, grossa e constante,
uma paz que há-de ser.
Uma gota invisível e distante
na janela, a escorrer.

*            *            *

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