Poética
José Paulo Paes
Não sei palavras dúbias. Meu sermão
Chama ao lobo verdugo e ao cordeiro irmão.
Com duas mãos fraternas, cumplicio
A ilha prometida à proa do navio.
A posse é-me aventura sem sentido.
Só compreendo o pão se dividido.
Não brinco de juiz, não me disfarço em réu.
Aceito meu inferno, mas falo do meu céu.
* * *
In: "Um por todos"
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