segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA

Publicações facebook -  Nádia, 18 de janeiro 2014

Concerto de Dvorák - Affonso Romano de Sant’Anna

Soava na tela aquele concerto de celo de Dvorák:
eu via as imagens da orquestra
e as mãos e o rosto possesso Misha Misky abraçado ao
                                                                     instrumento
engalfinhado numa amorosa luta com o sublime.

Lá fora
           a intriga nos palácios,
           as buzinas e os insultos,
           a traição, a esperada, o luto.
Aqui
           a perfeição preenchendo a sala
           num momento de paz absoluta.

Hopper

  Hopper
e a solidão dos objetos na vitrina
Hopper
e a solidão dos corpos na varanda
na janela
na campina
Hopper
e a solidão silente.

Hopper.
Hope.
Hopeless.
Concerto de Dvorák - Affonso Romano de Sant’Anna

Soava na tela aquele concerto de celo de Dvorák:
eu via as imagens da orquestra
e as mãos e o rosto possesso Misha Misky abraçado ao
instrumento
engalfinhado numa amorosa luta com o sublime.

Lá fora
a intriga nos palácios,
as buzinas e os insultos,
a traição, a esperada, o luto.
Aqui
a perfeição preenchendo a sala
num momento de paz absoluta.

Hopper
Hopper
e a solidão dos objetos na vitrina
Hopper
e a solidão dos corpos na varanda
na janela
na campina
Hopper
e a solidão silente.

Hopper.
Hope.
Hopeless.

Tendo lido os jornais
- infectado a mente, enauseado os olhos -
descubro, lá fora, o azul do mar
e o verde repousante que começa nas samambaias da sala
e recrudesce nas montanhas.

Para que perco tantas horas do dia
nessas leituras necessárias e escarninhas?
Mais valeria, talvez, nas verdes folhas, ler
o que a vida anuncia.

Mas vivo numa época informada e pervertida.
Leio a vida que me imprimem
e só depois
o verde texto que me exprime.

(Affonso Romano de Sant’Anna)
Tendo lido os jornais
- infectado a mente, enauseado os olhos -
descubro, lá fora, o azul do mar
e o verde repousante que começa nas samambaias da sala
e recrudesce nas montanhas.

Para que perco tantas horas do dia
nessas leituras necessárias e escarninhas?
Mais valeria, talvez, nas verdes folhas, ler
o que a vida anuncia.

Mas vivo numa época informada e pervertida.
Leio a vida que me imprimem
e só depois
o verde texto que me exprime.


(Affonso Romano de Sant’Anna)

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