terça-feira, 4 de março de 2014

TEL MONT - O tempo e o olhar

Foto: O TEMPO E O OLHAR

Ah, vermelho é covardia... E essa luz no olhar também. E dessas horas que significam nada além, mas tão secretamente inebriantes são, ninguém precisa saber, só esse encanto clandestino. A chuva depois da vidraça, eu quero que ela persista, cúmplice, e pese sobre os ponteiros do seu relógio para que eles mal tenham forças para girar e engolir o tempo.

Chove depois da vidraça e seus olhos clareiam o meu bosque e me reacendem a vontade de me enroscar com a vida e mordê-la e abraçá-la e encarar seus jogos e desafios e atrações.

Não pare, chuva, não pare, porque está tão amorosamente cálido aqui dentro enfim. Mar e céu seu olhar, nem ansiava, mas quando vi já submergia, coração deu sinal que não antessenti, não almejava, mas quando vi, raposa esperando le petit prince. 

Agora as horas são outras, não mais chove, um silêncio absurdo, ou quase, não fosse o ventilador sobre a mesa... No meu bosque da canção de roda tremeluzem vagalumes azuis - seus olhos multiplicados, no meu peito sua figura ainda um esboço tênue, mas saboreio já uma suavidade de brisa, e assim vou deslizando sobre a superfície da noite adentro.  (TEL MONT)

Imagem: Foto de Yume Cyan.
Imagem: Foto de Yume Cyan.

O TEMPO E O OLHAR

Ah, vermelho é covardia... E essa luz no olhar também. E dessas horas que significam nada além, mas tão secretamente inebriantes são, ninguém precisa saber, só esse encanto clandestino. A chuva depois da vidraça, eu quero que ela persista, cúmplice, e pese sobre os ponteiros do seu relógio para que eles mal tenham forças para girar e engolir o tempo.

Chove depois da vidraça e seus olhos clareiam o meu bosque e me reacendem a vontade de me enroscar com a vida e mordê-la e abraçá-la e encarar seus jogos e desafios e atrações.

Não pare, chuva, não pare, porque está tão amorosamente cálido aqui dentro enfim. Mar e céu seu olhar, nem ansiava, mas quando vi já submergia, coração deu sinal que não antessenti, não almejava, mas quando vi, raposa esperando le petit prince. 

Agora as horas são outras, não mais chove, um silêncio absurdo, ou quase, não fosse o ventilador sobre a mesa... No meu bosque da canção de roda tremeluzem vagalumes azuis - seus olhos multiplicados, no meu peito sua figura ainda um esboço tênue, mas saboreio já uma suavidade de brisa, e assim vou deslizando sobre a superfície da noite adentro. 

(TEL MONT)  - in"A louca da biblioteca", 2014


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