PÃO DE AÇÚCAR
Carlos Drummond de Andrade
O grande pão de mel
suspenso entre mar e céu
insinua os prazeres da cidade.
A boca, o paladar,
a trama dos sentidos
serpenteia lá embaixo.
O sol nascente
e o sol cadente
vestem de púrpura a forma rígida.
Nuvens ciganas
brincam de subtraí-la.
A cada hora, desintegra-se,
recompõe-se,
assume formas inéditas de transparência.
Tem as cores da vida
e o sigilo da sombra.
É montanha ou aparição crepuscular.
* * *
In: 'Poesia errante'
In: 'Poesia errante'
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