Trechos de "A Paixão segundo G.H."
Clarice Lispector - (1925-1977)
(...) Toda compreensão súbita é finalmente a revelação de uma aguda incompreensão. Todo momento de achar é um perder-se a si próprio. (...) p.12
(...) "eu ser" vinha de uma fonte muito anterior à humana..., muito maior que a humana (...) abria-se em mim a larga vida do silêncio (...) p.54
(...) as coisas são muito delicadas. A gente pisa nelas com uma pata humana demais, com sentimentos demais. Só a delicadeza da inocência ou só a delicadeza dos iniciados é que sente seu gosto quase nulo. Eu antes precisava de tempero para tudo, e era assim que eu pulava por cima da coisa e sentia o gosto do tempero (...)
Ser é ser além do humano (...) ser homem tem sido um grande constrangimento. p.149
(...) Mas é do buscar e não achar que nasce o que eu não conhecia, e que instantaneamente reconheço (...)
Nunca sofra por não ter opiniões em relação a vários assuntos. Nunca sofra por não ser uma coisa ou por sê-la. p.172
(...) Pois só posso rezar ao que não conheço. E só posso amar à evidência desconhecida das coisas, e só posso me agregar ao que desconheço. Só esta é que é uma entrega real. p.175
(Meu livro é da 6ª ed. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1979)
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