sábado, 29 de outubro de 2011

MÁRCIA PELTIER - poeta


 Márcia Peltier - jornalista e poeta
 
  Vida
Márcia Peltier

Vida, amiga Vida,
aonde você me levou?
Os anos escapuliram e fugiram
de minhas mãos
como as fitas dos cabelos
que perdias,
ao correres livre,
na tua Primeira Infância.

Vida, amiga Vida,
onde estão teus horizontes de delícias
quando ainda jovem
pousava minha mente
a sobrepairar na Ilusão?

Vida, amiga Vida,
o que fiz de teus segredos
quando mística e solitária
me confiaste
um novo amanhã
e muitas vezes
me entreguei nos braços da Ciência?

Vida, amiga Vida,
eu não te traí.
Lutei com minhas armas de poeta.
Fui cavaleiro errante munido de Fé.
Combati com minhas feridas
a maldade humana,
a inverdade dos pios
e a insatisfação dos sempre saciados.

Vida, amiga Vida,
onde te encontro agora?
Pó e poeira na estrada do Templo
a cegar os olhos do Futuro
e a ressecar as mãos do Amanhã?

Vida,
quero-te Vida,
mas de que me adiantas agora
se já é minha hora de morrer?

Vida,
confio-te o brilho da cada réstia de luz
da Aurora dos dias que me restam.

Vida,
encarno na Esperança o meu Auxílio
no único Espírito o teu legado
no Infinito a minha Morada
na Poesia a minha Alma.

Na Morte,
encontro apenas
uma etapa de descanso
onde me desprego de todas as peles
e me reintegro
no Eterno Renascer.
*        *        *

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