foto de Terry Border fotógrafo americano |
A felicidade do trágico
Pio Barbosa Neto - CE / Fortaleza - 30/10/2010
Nascemos todos com direito à felicidade, ao amor, à liberdade, entretanto, numa sociedade fria, cruel e injusta, temos de conquistar tudo, a preço de lutas e derrotas.
A vida é como um tapete que vamos tecendo com paciência, amor e alegria, ou com pressa, amargura e revolta. Quem pode negar que ela se faz de ais em ais, que é agonia e êxtase? Que, tantas vezes, sentindo o desespero das noites escuras, amassando o trigo com fel, embebido de pranto, de queda em queda, perdidos em delírios antagônicos, carentes de afeto, só vamos encontrar colo na própria dor?
A vida é bela e trágica: esta é uma verdade que ninguém pode negar. É impossível passar pela vida sem grandes doses de desaprovação alheia, isto não pode ser evitado: é o preço que pagamos por estarmos vivos. Se disso, portanto, depender a nossa felicidade, seremos eternamente amargurados.
Pablo Casals afirmou: “Eu estou renascendo. Cada nova manhã é o momento de recomeçar a viver. Isto não significa uma rotina mecânica, mas algo essencial para minha felicidade”.
A felicidade constitui uma condição natural do ser humano. Para constatar isto, basta olhar as crianças brincando.
Ela consiste, sem dúvidas num eterno “recriar a vida”. A ânsia de viver, que nada acalma, é a chama de nossa alma, que clama pela felicidade! Por isso ela só entra em nosso coração, quando vivemos plenamente.
A alegria de viver, que é a razão, o motivo mais forte da própria vida, torna-se mais forte quando ela é contrariada.
Por mais paradoxal que pareça, a concepção trágica da vida pode levar ao pessimismo, mas também estimular a alegria de viver em vez de levar a condenar a vida, suas tristezas e misérias, afinal, “A vida é a mais difícil das tarefas e o amor à vida o mais difícil dos amores, mas também o mais gratificante”.
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