quinta-feira, 18 de novembro de 2010

DA LUZ À TINTA



“Nos dicionários, encontramos as seguintes definições para a palavra pintura : ato ou efeito de pintar; revestimento de uma superfície com matéria corante; arte e técnica de representar o mundo visível ou imaginário.
Cor é a sensação que a luz provoca no órgão de visão humana, e que depende, primordialmente, do comprimento de onda das radiações. Portanto, pintar é dar luz à tinta; é radiar imagens concretas repletas de significados.
Arte é a capacidade que o homem tem de, dominando a matéria, pôr em prática uma idéia.”
É a revelação do silêncio, da silenciosa voz de Deus que é cor em nós.
Nossos olhos solares são o presente de Íris, o mais etéreo dos arcos, traço de união entre o céu e a terra. As cores que contemplamos são os múltiplos tons das epifanias celestes. A cor é uma abstração, intocável, sacra e fugaz.
Por isso, terá sido tão difícil estudá-la, calculá-la. A alma é quem melhor a apreende. Ao longo de mais de dois milênios, nenhuma ciência foi capaz de fixá-la, nenhuma teoria jamais obteve unanimidade, nenhuma cerca a deteve. A cor é o hino do ilimitado.”


“Para pintar precisamos iluminar nossas idéias, isto é, conhecê-las. O conhecimento está diretamente relacionado à “clareza” dos fatos e das coisas; portanto, o pintor é aquele que através de sua pintura se ilumina e esclarece um assunto.
Pintar um objeto, a natureza, os seres e os sentimentos significa conhecê-los em profundidade. O que são, de onde vieram, qual a sua identidade ou história, como se apresentam, para que servem, que sensações nos causam, e por que nos chamaram a atenção.”


“É importante ressaltar que antes de qualquer coisa a pintura é uma forma de comunicação, sendo um poderoso instrumento para formação de opinião. Primeiro o artista se emociona, depois pinta, ou seja, expressa sua emoção, e com isto faz com que os outros se emocionem para depois se expressarem também.
O ato de pintar representa um exercício do pensamento sobre o mundo que o cerca e o conduz à reflexão.”


“ A cor é o teclado,
os olhos são os martelos,
a alma é o piano
com suas várias cordas.
O artista é a mão que toca
uma tecla após outra
para fazer vibrar a alma.”


               Wassily Kandinsky


Impressionista


Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.


                                Adélia Prado